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Agência critica exposição do BNDES a "maus pagadores"

01/12/2015 12h39

SÃO PAULO - A agência de classificação de risco Fitch afirmou nesta terça-feira (1) em relatório que uma das principais fontes de crédito do mercado pode não ser mais uma boa opção. Segundo a nota, apesar de conceder crédito a baixo custo para fomentar o crescimento econômico, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) tem estado exposto a companhias que entraram em recuperação judicial e em inadimplência e não deve ser considerado um credor de último recurso.

"O impacto dos empréstimos do banco cresceu significativamente na carteira de emissões internacionais da Fitch ao longo dos últimos três anos", diz Phillip Wrenn, analista sênior da agência. Dos 62 emissores internacionais classificados em 2014, 52 receberam financiamentos do banco, num total de R$ 92 bilhões. A dívida em circulação dessas empresas era de R$ 677 bilhões, no mesmo ano.

Como comparação, a Fitch afirma que, em 2011, o BNDES realizou financiamentos de R$ 75 bilhões para 22 emissores internacionais, cuja dívida totalizava R$ 371 bilhões. A Vale aumentou seu endividamento junto ao BNDES em 75%, enquanto na Eletrobras o crescimento foi de 193%. Já a Petrobras e a Gerdau, por outro lado, reduziram sua dependência em relação ao banco em 37% e 39%, respectivamente, ao longo desses quatro anos.  Na primeira metade de 2015, o volume de desembolsos do BNDES foi reduzido em 18%, para R$ 68,8 bilhões.

Entre as companhias com emissões internacionais classificadas pela Fitch, Tractebel, Aché Laboratórios e Comgás têm mais de 50% de sua dívida total junto ao BNDES. Porém, estes emissores contam com grau de investimento e provavelmente terão acesso a outras fontes de financiamento devido a suas sólidas estruturas de capital. Entre as possíveis fontes, estão bancos nacionais e estrangeiros, colocações privadas e possíveis emissões internacionais que devem ser raras em 2015 e 2016, mesmo para companhias com grau de investimento.

Neste ano, segundo a Fitch,  as empresas brasileiras colocaram seis emissões no mercado internacional até setembro, totalizando US$ 2 bilhões, ante 36 emissões, em montante de US$ 25,9 bilhões, em 2014.

"A ausência de apetite dos investidores e as fracas condições de mercado devem continuar em 2016. A desaceleração do mercado de dívida internacional levou as companhias a tomarem mais empréstimos locais", diz o relatório. Até outubro deste ano, houve 44 emissões de debêntures, que captaram R$ 20,1 bilhões, ante R$ 15,6 bilhões de 57 emissões em 2014.