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Um dos homens mais ricos da China desaparece, e surgem boatos sobre prisão

Bobby Yip/Files/Reuters
Imagem: Bobby Yip/Files/Reuters

11/12/2015 09h51

SÃO PAULO - Às vésperas da reunião do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) que pode culminar com as altas dos juros nos EUA, o mercado financeiro opera com aversão ao risco.

Mas há um outro motivo para as Bolsas da Ásia terem fechado em queda nesta sexta-feira (11): um dos homens mais ricos do país, considerado o "Warren Buffett da China", simplesmente sumiu. 

A grande pergunta que os investidores estão se fazendo é: por onde anda Guo Guangchang, fundador e presidente do grupo Fosun?

Guangchang é um dos homens mais ricos da China e, segundo a revista "Forbes", tem patrimônio de US$ 6,9 bilhões.

A revista financeira "Caixin", citando fontes não identificadas, disse que o bilionário fundador do grupo desapareceu, em meio à deflagração, pelas autoridades chinesas, de uma vasta campanha anticorrupção.

Os rumores são de que Guangchang pode ter sido preso em uma das operações das autoridades chinesas, mas não há confirmação oficial. De acordo com a imprensa local, Guo Guangchang teria sido detido no aeroporto de Xangai.

Negociação de ações do grupo foi suspensa

A notícia afeta, potencialmente, um grande número de entidades do grupo com papéis na Bolsa.

A negociação das ações do grupo foi suspensa nas Bolsas de Xangai, Hong Kong e Shenzhen, devido a "informações sensíveis", disse o grupo Fosun em comunicado. A nota, assinada pelo vice-presidente Liang Xinjun, não deu mais detalhes sobre o caso. 

Nos últimos meses, as autoridades chinesas têm mantido um verdadeiro escrutínio sobre o setor financeiro do país.

Em agosto, a Bolsa da China se desvalorizou 8,5% em um único dia, arrastando para baixo Bolsas do mundo todo. 

Em 27 de novembro, foi revelado que as principais corretoras do país estavam sob investigações regulatórias. 

Empresários foram detidos

A repressão financeira tem sido intensificada nas últimas semanas e envolveu uma destacada gestora de fundos de investimento e o vice-presidente da comissão reguladora.

O presidente da Citic Securities, Cheng Boming, é um dos sete executivos da empresa que estão sob investigação, de acordo com a agência de notícias Xinhua. A corretora Guotai Junan International Holdings disse na segunda-feira que havia perdido contato com o presidente de seu conselho, o que provocou uma queda de 12% nas ações da empresa.

Outros executivos do país desapareceram nos últimos meses, em operações das autoridades chinesas. Alguns foram detidos, enquanto outros retomaram a vida normal, dizendo terem colaborado com as investigações. 

Entre os casos de "desaparecidos", o destaque é Yim Fung, ‘chairman’ da Guotai Junan International.

Na semana passada, o oitavo homem mais rico da China, Xu Ming, morreu na prisão, supostamente, de um ataque cardíaco.

No domingo, a oitava maior corretora da China, a Citic Securities, informou ao mercado de que não conseguia entrar em contato com dois dos seus gestores, Chen Jun e Yan Jianlin. 

Conforme informa o jornal "Económico", de Portugal, essa campanha anticorrupção tem sido vista por analistas como uma forma do presidente Xi Jinping reforçar o seu poder sobre o Partido Comunista e sobre os empresários.

Isso porque, embora seja membro de um conselho consultivo do regime chinês, o bilionário Guo Guangchang não é militante do Partido Comunista Chinês, ao contrário do CEO da Fosun, Liang Xinjun, ou de outros nomes de alto escalão do grupo.

O nome de Guo é associado ao de Wang Zongnan, um gestor condenado por desvio de fundos em empresas estatais. Um tribunal de Xangai classificou as relações dos dois como "inapropriadas".

O desaparecimento do chinês ocorre em um momento de internacionalização das operações da Fosun.