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Agência de risco chinesa rebaixa o Brasil; prenúncio da Moody's?

05/02/2016 14h24

SÃO PAULO - A agência de classificação de risco chinesa Dagong cortou a nota do Brasil de "BBB+" para "BBB-" e colocou em perspectiva negativa. Segundo a agência, o ambiente de pagamento da dívida do país se deteriorou e uma significativa recessão econômica reduziu a força fiscal do governo, tornando a dívida brasileira ainda mais pesada. 

Antes dela, outras agências já tinham rebaixado a nota do Brasil, sendo que pela Fitch e pela Standard & Poor's, duas das três maiores empresas de avaliação de crédito do mundo, o Brasil já perdeu o investment grade, que é uma espécie de selo de bom pagador.

Atualmente, a única das grandes agências que mantém o Brasil acima deste grau de investimento é a Moody's, cuja delegação está atualmente no país para fazer uma nova avaliação. 

Nos últimos dias, membros da Moody's já se reuniram com o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. No entanto, para Alex Agostini, economista da Austin Ratings, o rebaixamento pela agência chinesa tem menos chance de impactar a decisão da Moody's do que o contrário. 

"Cada agência tem uma metodologia e, dependendo do indicador utilizado, dará um peso maior para questões econômicas diferentes. As agências, em geral, têm um tempo de mudança da nota muito próxima, mas não quer dizer que uma mude apenas para não ficar atrás da curva da outra", afirma.

A avaliação dele é de que a Moody's deva rebaixar a nota do Brasil, cortando abaixo do grau de investimento, já na próxima semana, mas não por estar atrasada em relação às demais, e sim porque ela está em conversas com o governo brasileiro há muito tempo e o deficit fiscal piorou muito enquanto isso. 

Mesmo com o rebaixamento iminente, Agostini não acredita em um impacto muito forte no mercado. Para ele, o corte está demasiadamente precificado para isso. Mas isso não quer dizer que sairemos incólumes da perda do grau de investimento por mais uma agência.

"O que terá é que o Brasil para recuperar o investiment grade vai ser mais difícil depois do terceiro rebaixamento. Se você melhorar em uma, as outras duas podem não seguir." Ou seja, voltar ao nível de credibilidade que tínhamos em maio de 2008 não será nada fácil.