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Ficou desempregado? Especialista diz o que fazer com dinheiro da rescisão

Getty Images
Imagem: Getty Images

26/07/2016 10h43

Um momento de crise como este que o país está passando gera consequências negativas para a população, entre elas o desemprego. O número de demissões cresceu e muitas pessoas ficam em dúvida do que fazer com o dinheiro da rescisão.

As opções podem variar dependendo de quanto for o valor recebido e do quanto você tem guardado. “Ser demitido é uma situação delicada e para superar essa fase é necessário disciplina e planejamento financeiro que lhe auxiliarão até encontrar um novo emprego”, afirma Miguel Pereira, diretor da área Atuarial e Consultor de Benefícios da Lockton Brasil.

Assim, você tem a princípio duas escolhas sobre o dinheiro recebido na rescisão: pagar suas dívidas ou investir.

Dívidas

Ser demitido já é complicado por motivos óbvios, mas ser demitido em um momento em que você está cheio de dívidas é pior ainda. “Primeiramente é importante organizar a rescisão, para saber até quando o valor vai durar e para que será utilizado”, explica Pereira. Ele ainda afirma que a prioridade nesse momento é procurar um novo emprego.

Para fazer esse dinheiro recebido durar o suficiente para você se recolocar no mercado profissional, Pereira orienta colocar no papel todos os seus gastos. “Montar uma planilha financeira é essencial porque a partir disso é possível saber quais os gastos supérfluos que podem ser cortados e quais são as despesas que não dá para se livrar”, explicou o especialista.

Segundo Pereira, quando se é demitido é preciso ter uma disciplina financeira para conseguir manter as contas pagas e não contrair mais dívidas. Por isso, “as mudanças de hábitos, como cortar luxos, viagens, jantares e se adequar a situação passageira, serão necessárias”, afirma.

Sobre as dívidas urgentes, visualize aquelas que você consegue renegociar, principalmente as de valor alto, afirma Pereira. De acordo com ele, a crise que o país enfrenta abre as portas para as renegociações, então as chances de conseguir mudar prazos e prestações aumenta. Além disso, priorize as dívidas mais graves como a de cartão de crédito, empréstimos, e as com juros muito altos. 

Pereira também explica que é preciso manter um planejamento financeiro mais rígido durante, em média, 12 meses, que é o tempo necessário para conseguir um novo emprego.

Segundo o consultor financeiro Robinson Trovó, para sair de fato das dívidas é ideal seguir essa regra: “70% do seu salário você deve gastar; 20% guarde para pagar dívidas e 10% invista em renda fixa”, afirma o consultor. “Ou seja, suas dívidas não podem ultrapassar 20% do seu salário, porque assim é garantia que você consegue pagar. Quando você é demitido esse planejamento garante que você não se desespere e ganhe tempo para procurar uma recolocação profissional”, explica Trovó.

Assim, “depois de ter reorganizado as dívidas mais caras, e seu saldo for positivo novamente o ideal é investir em renda fixa”, afirma Pereira.

Investimentos

Outra opção, caso você seja demitido, mas não tem dívidas e precisa fazer o dinheiro da rescisão render mais enquanto busca uma recolocação no mercado, é investir em renda fixa.

Nesse caso, Robinson Trovó afirma que você deve pensar em duas coisas: “quanto de capital você tem e quanto tempo pode deixar investido”.  Ele aconselha aplicações de renda fixa com liquidez diária, que compensam muito mais que a poupança no longo prazo.

Ele lembra que algumas aplicações de renda fixa como o CDB (Certificado de Depósito Bancário), LCI (Letras de Crédito Imobiliário) e LCA (Letras de Crédito do Agronegócio) têm a mesma garantia da poupança - todas são garantidas pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos, que reembolsa os clientes em caso de quebra do banco para aplicações de até R$ 250 mil.  “Com o tempo você perde poder aquisitivo mantendo seu dinheiro na poupança (por conta da inflação)", alerta.

O especialista listou algumas aplicações de renda fixa que podem ser interessantes no momento:

a) Capital: até R$ 5.000. Liquidez diária.

Opções: Tesouro Selic 

“É uma ótima forma de começar investindo caso seu capital não seja muito alto, ainda mais nesse momento em que está à procura de emprego e não quer investir muito dinheiro”, afirma Trovó.

b) Capital: até 30.000. Investido por até 6 meses.

Opções: CDB – Certificados de Depósito Bancário

“O CDB não é isento de Imposto de Renda, mas mesmo assim rende mais que a poupança”, afirma Trovó. “Para investir nessa categoria, não procure por bancos e sim por shoppings financeiros ou corretoras que oferecem melhores taxas”, aconselha o especialista.

c) Capital acima de R$ 30.000. Investido por pelo menos 6 meses.

Opções: LCI – financia mercado imobiliário ou LCA – financia o mercado agropecuário

É isento de Imposto de Renda (IR) e rende cerca de 13% a 16% ao ano. “É a melhor opção de renda fixa em relação ao rendimento”, explica Trovó.