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Estamos perto de um estouro da bolha da agricultura digital, diz especialista

28/11/2016 10h52

Dados da Associação Brasileira de Startups (ABStartups) apontam que existem atualmente cerca de 70 empresas, desta categoria, especializadas em agricultura digital no País. Em 2016, o setor agritech registrou, de acordo com a entidade, crescimento de 70% em relação ao ano passado, e a previsão é que esse número triplique até o final de 2017.

No entanto, diante deste cenário de forte avanço, Bernhard Kiep, especialista em agricultura digital, da Pessl Instruments, alerta que o segmento está vivendo uma bolha de crescimento que está prestes a estourar. “Vai acontecer com a agricultura digital o mesmo que aconteceu com a própria Internet em meados de 2000, 2001, com empresas quebrando. É um período de depuração”, disse ele no AgTech Forum, evento realizado na última semana em São Paulo (SP).

Segundo Kiep, não haverá espaço para todos. “Ainda é difícil encontrar no Brasil quem combine botina no pé e dedo no clique”, afirmou. De acordo com o especialista, as empresas que sobreviverão serão as que oferecerem soluções que comprovem a redução de custos no dia a dia do agronegócio e que disponibilizem ferramentas que deem previsibilidade para tomada de decisão no setor. “Uma solução que comprove redução de custos me parece muito mais factível do que uma que prometa que vai aumentar a produtividade da lavoura”, ressaltou.

Na avaliação de Kiep, as soluções precisam ser mais assertivas. “Agricultura digital não é como criar um Waze ou um Uber. No campo, lidamos com plantas, animais, é um ambiente diferente, com muitas variáveis a mais”, acentuou, acrescentando que o caminho passa não por “big data”, e sim por “right data”. Segundo o especialista, a agricultura digital vai ser democratizada, em fenômeno similar ao que aconteceu com o celular, mas hoje é algo ainda restrito a uma elite produtiva.