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Participar de eventos de empreendedorismo ajuda a atrair investidores

O empreendedor Bruno Barazzutti, ao centro, no evento Start up Weekend, em Brasília - Arquivo pessoal/Divulgação
O empreendedor Bruno Barazzutti, ao centro, no evento Start up Weekend, em Brasília Imagem: Arquivo pessoal/Divulgação

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

02/03/2012 07h00

Para muitos empreendedores, a falta de capital para iniciar o negócio é um dos maiores obstáculos. Nesse casos, uma alternativa é buscar alguém que banque a ideia para tirá-la do papel. Entre as principais fontes de recursos para empresas em estágio inicial, estão os fundos de investimentos e os investidores-anjo, figura que tem ganhado força no Brasil nos últimos dois anos.

Para chamar a atenção deles, o primeiro passo é se expor para ampliar a rede de contatos. Vale participar de eventos ligados ao empreendedorismo, por exemplo. Foi assim que o catarinense Bruno Barazzutti conseguiu recursos para fundar uma rede social para praticantes de esportes, o Spleeps.

Para apresentar sua ideia aos investidores, ele passou a frequentar eventos voltados a empresas nascentes de tecnologia, as chamadas startups, em várias capitais do país. “O mais importante é conseguir o contato com o investidor e manter conversas com ele por e-mail.”

Paulo Vieira fundou o Ningo, um site de busca de preços e produtos integrado a várias lojas virtuais. Desde 2009, ele busca recursos para colocar o projeto em prática e só agora conseguiu ajuda de um grupo de investidores-anjo. O empresário diz que as portas foram abertas para ele depois que começou a participar de competições para empreendedores. “O bom desempenho em um destes eventos criou uma vitrine para minha ideia e despertou o interesse de um investidor”.

Investidores buscam empresas com pessoas capacitadas

A maioria dos investidores prefere aplicar recursos em pessoas capacitadas. Uma boa ideia de nada adianta sem uma equipe sintonizada e comprometida com o desenvolvimento da empresa. “É melhor ter uma equipe nota dez com uma ideia nota cinco do que o contrário”, afirma Cassio Spina, investidor-anjo e criador da Anjos do Brasil.

  • Divulgação

    Cassio Spina é investidor-anjo e criador da Anjos do Brasil

Antes do contato pessoal, quando o investidor avaliará as características pessoais do empreendedor, é preciso ter um bom modelo de negócio como cartão de visita. “É essencial que o empresário tenha claro o problema a ser resolvido, como vai atender a essa necessidade, qual será o produto, quem são os concorrentes diretos e indiretos, quais os valores de que vai precisar e em que serão aplicados", declara.

Na opinião de Francisco Jardim, gestor do Criatec-SP, um fundo de investimentos ligado ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social) e ao Banco do Nordeste, 90% dos investidores procuram um empreendedor com bom nível técnico, experiência e resultados em cargos executivos na iniciativa privada. “O ideal é que o empresário não queira ter poder, mas sim gerar riqueza”, diz.

Se o empreendedor conseguir desenvolver um protótipo ou algo mais tangível do que apenas a ideia, as chances de despertar o interesse de um investidor aumentam. O risco de perda, nesse caso, é menor para quem vai aplicar o dinheiro por ter melhores condições de avaliar a demanda pelo produto criado.

Alguns empreendedores cometem graves erros na hora de apresentar seu projeto, como despreparo para a execução da ideia, ser apegado ao negócio, não aceitar opiniões e desconhecimento do mercado, da concorrência, do público-alvo e dos valores da operação. “O empresário tem de fazer a lição de casa. Tem de ter objetivo e amadurecer a ideia”, afirma Jardim.

Negociação com investidor exige cuidados

A ânsia do empreendedor para colocar em prática a sua ideia pode ser um ponto negativo para ele durante as negociações. O investidor pode se aproveitar disso e propor um acordo muito mais vantajoso para si do que para quem vai, de fato, executar o projeto.

Da mesma forma que o investidor avalia o empresário, a consultora jurídica do Sebrae-SP, Sandra Fiorentini, recomenda que o empreendedor junte o máximo de informações possíveis sobre quem está do outro lado da mesa. “Deve ser verificado como o investidor está no mercado, o que ele tem a oferecer e se há ação pendente no nome dele. Se houver problemas, o negócio pode ficar em risco."

A consultora também recomenda elaborar atas após cada reunião. Dessa forma, tudo o que foi discutido estará claro e formalizado no papel e as duas partes ficarão cientes de suas obrigações. “O empreendedor não aplica muito dinheiro no negócio, mas coloca trabalho e conhecimento. As duas partes são importantes e não chegariam a nenhum lugar sem a outra”, diz.

 O empreendedor deve estar atento à porcentagem concedida ao investidor. Abrir mão de mais de 50% é o maior erro que pode cometer. “É como cortar as asas de um pássaro e tirar a sua liberdade. O empresário deixa de tomar decisões ao vender a maior parte do negócio”, afirma o catarinense Bruno Barazzutti, da rede social Spleeps. “Se o investidor for sério e experiente, ele sequer vai propor isso, ele vai apostar no empreendedor”, declara o empresário Paulo Vieira, do site Ningo.