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Marcas de luxo vendem sapatos, joias e até iates a prestação

Aiana Freitas

Do UOL, em São Paulo

30/03/2012 09h58

O hábito do brasileiro de parcelar suas compras está na mira das grifes que luxo que atuam no país. Atualmente é possível dividir o pagamento de produtos dos mais variados, de sapatos de luxo a iates.

A financeira da fabricante de motocicletas Harley-Davidson chegou ao Brasil no fim de 2011. Por meio de uma parceria com o Bradesco, oferece parcelamentos em até 48 vezes e juros de 1,45% ao mês. As motos da coleção 2012 da marca têm preços que variam de R$ 33.100 a R$ 104.900.

Grifes de moda, como Ermenegildo Zegna e Marc Jacobs, também já vendem seus produtos parcelados em até seis vezes no cartão de crédito.

A joalheria Tiffany igualmente se adaptou ao jeito brasileiro de comprar -as lojas brasileiras da marca são as únicas no mundo que fazem parcelamentos. Nelas, é possível comprar as peças da marca em até dez vezes no cartão de crédito, contanto que a parcela mínima seja de R$ 1.000.

Mesmo artigos caros até para os mais ricos, como iates da italiana Ferretti, são vendidos no Brasil em financiamentos de cinco anos. Os preços dos iates da marca variam de R$ 3,9 milhões a R$ 8,4 milhões.

'Brasileiro gosta de comprar a prazo'

"As empresas sabem que o brasileiro gosta de comprar a prazo", diz o diretor do projeto de Gestão do Luxo da Faap, Sílvio Passarelli.

Ele diz que, para algumas lojas, o parcelamento também é uma maneira de compensar os preços mais altos cobrados aqui por causa dos impostos.

"E, mesmo para quem tem muito dinheiro, comprar um produto fora do país nunca é tão confortável como comprar aqui dentro, porque um produto comprado no exterior não pode ser trocado e ainda pode vir sem garantia, por exemplo."

Para Passarelli, o brasileiro ainda prefere parcelar porque não consegue esquecer do recente passado de inflação alta. "No passado, o brasileiro temia que, se adiasse sua compra, teria de pagar um preço muito alto lá na frente. Apesar de vivermos outro momento, essa memória inflacionária ainda persiste na cabeça do consumidor. Não é fácil mudar essa percepção."