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Cerâmica ecológica lucra vendendo crédito de carbono em MG

Cerâmica Ituiutaba substituiu a lenha usada nos fornos por biomassa de origem renovável - Vandim Junisse/Agência Sebrae
Cerâmica Ituiutaba substituiu a lenha usada nos fornos por biomassa de origem renovável Imagem: Vandim Junisse/Agência Sebrae

Da Agência Sebrae

16/04/2012 07h00

No interior de Minas Gerais, uma fábrica de cerâmica vende mais do que tijolos e telhas. A nova aposta do negócio é no mercado de carbono, mecanismo internacional pelo qual uma empresa que usa práticas sustentáveis vende créditos a empreendimentos que têm dificuldades para reduzir a emissão de gases no meio ambiente.

ENTENDA O MERCADO DE CRÉDITO DE CARBONO

  • 1

    Surgiu a partir do Protocolo de Kyoto, em 1997, com o objetivo de acelerar as metas de redução das emissões dos gases de efeito estufa nos países signatários

  • 2

    Países ou empresas que conseguem reduzir suas emissões abaixo das metas do Protocolo de Kyoto geram créditos que podem ser vendidos aos países que poluem acima de suas metas

  • 3

    Os créditos de carbono são considerados commodities e podem ser vendidos nos mercados financeiros nacionais e internacionais

    Nagib Jacob Iunes, 44 anos, proprietário da Cerâmica Ituiutaba, empresa localizada na cidade de mesmo nome, a 700 km de Belo Horizonte, começou a investir na despoluição da fábrica pelos fornos onde são queimados os produtos de cerâmica vermelha, como tijolos e telhas.

    Em vez de lenha nativa sem manejo florestal, a empresa começou a usar biomassas de origem comprovadamente renováveis -- como serragem, cavaco e resíduos de madeireira –- para alimentar o fogo.

    A troca, além de desestimular a prática do desmatamento, reduziu a emissão de gases como o dióxido de carbono, gás metano e óxido nitroso, responsáveis pelo aquecimento do planeta.

    Segundo Nagib, a venda de crédito de carbono contribuiu para alavancar o crescimento da cerâmica. Ele explica que a empresa monitora a produção e a quantidade de restos de madeira gastos para a queima dos produtos.

    A partir daí, são calculados os créditos gerados e é feita uma auditoria para verificar a autenticidade dos dados e notas fiscais. Com a quantidade de créditos apurada, a empresa vai para o mercado de venda de carbono.

    Nagib acrescenta que essa venda é feita principalmente para empreendimentos de outros países. O processo é terceirizado por uma empresa que atua no mercado de crédito de carbono, a Social Carbon.

    Iniciativa foi premiada

    A iniciativa rendeu à empresa o Prêmio Sebrae de Práticas Sustentáveis de Minas Gerais, em novembro de 2011. “Foi um reconhecimento às ações sustentáveis que desenvolvi na minha empresa. Fiquei ainda mais motivado a encontrar novos caminhos para proteger o meio ambiente”, ressalta Nagib.

    Criada em 1973, a cerâmica conta hoje com 46 funcionários e tem um faturamento mensal de R$ 250 mil. A produção de telhas e tijolos gira em torno de 600 mil peças por mês. De acordo com Nagib, a empresa começou a crescer efetivamente há seis anos, após a substituição de lenha por cavaco.

    Naquela época, o faturamento da cerâmica girava em torno de R$ 200 mil. “Conseguimos com a mudança aumentar consideravelmente o faturamento e ter a mesma qualidade, porém com menos agressão ao meio ambiente. Ter um negócio verde é totalmente rentável”, atesta ele.

    A cerâmica Ituiutaba vive agora uma fase de expansão. “Com o prêmio, ganhei um ano de consultoria do Sebrae, fundamental para crescer ainda mais e de forma sustentada.”