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Clientes agora põem nome em lata de Coca-Cola e escolhem cor especial de geladeira, fogão e carro

Aiana Freitas

Do UOL, em São Paulo

15/08/2012 06h00

Até pouco tempo privilégio do mercado de luxo, os produtos sob medida têm sido a aposta também de grandes indústrias para conquistar o consumidor. Carros, geladeiras, chinelos e refrigerantes podem, hoje, ser customizados ao gosto de cada cliente.

Neste mês, a Coca-Cola coloca no mercado uma edição limitada de garrafas e latas de Coca-Cola Zero customizadas. Os rótulos dessas garrafas são estampados com nomes comuns entre os brasileiros, como Carlos, Bruno, Dani e Juliana.

Os produtos estarão à venda em cerca de 500 mil locais no país. Quem não tiver o nome entre os 150 escolhidos pela empresa poderá, ainda assim, participar de uma votação na internet que vai escolher mais 50 nomes para estampar os rótulos.

Adesivos e apliques para personalizar o carro

A personalização foi uma das bandeiras da Fiat quando lançou o modelo mais recente do Uno, em 2010.

Além de poder escolher entre dezenas de cores diferentes, o cliente pode personalizar o carro tanto na fábrica quanto nas concessionárias, com adesivos e apliques.

Os acessórios podem ser colocados nas portas, no teto e nos para-lamas, por exemplo. Rodas e calotas com cores diferentes, além de retrovisores cromados, também estão entre as opções dadas para os clientes da marca.

A Fiat também permite que o cliente personalize, ainda que não com tantas opções de acessórios, os modelos Palio e Fiat 500.

"Acreditamos que a customização torna o veículo praticamente uma extensão da personalidade de seu dono. Isso cria um laço cada vez maior com o carro e consequentemente com a marca, já que oferecemos isso como um diferencial  dentro do mercado", diz Armando Carvalho, gerente do setor de Marketing, Pós-vendas, Peças e Acessórios da Fiat.

Cada um com sua própria geladeira

O consumidor também pode personalizar geladeiras e cooktops (fogões de mesa) da linha Brastemp You, da Whirlpool, desde 2004. Dez profissionais da empresa são responsáveis por atender aos pedidos dos consumidores, que devem ser feitos pela internet.

No caso da geladeira, o cliente pode escolher, além das cores variadas (uma para a parte de cima e outra para a parte de baixo), prateleiras internas com grafismos, por exemplo. Entre as cores disponíveis para a personalização das geladeiras estão berinjela e coral.

Ao todo, são mais de 500 combinações para os cooktops e mais de 25 mil para as geladeiras. Os clientes dos produtos sob medida da marca, diz a gerente-geral de Marketing da Whirlpool Latin America, Daniela Cianciaruso, são pessoas que querem "fugir do convencional".

"Eles querem ter mais que um eletrodoméstico: querem uma peça de decoração personalizada exclusivamente por eles", afirma.

O preço dos produtos varia de acordo com o perfil escolhido pelo consumidor. As geladeiras personalizadas custam de R$ 2.800 a R$ 5.700. Os cooktops, de R$ 700 a R$ 1.200.

Consumidor gosta da ideia de exclusividade

Na loja-conceito que a Havaianas mantém na Rua Oscar Freire, em São Paulo, o consumidor também pode personalizar seu par de chinelos. Lá a personalização é feita pelo próprio cliente, que pode escolher entre os modelos Slim ou Top e, então, definir a cor e os enfeites que serão colocados nas tiras da sandália.

Para o professor de gestão de marcas e marketing estratégico da ESPM Marcos Bedendo, os produtos "sob medida" atendem a um desejo dos consumidores.

"O consumidor de produtos de massa, assim como o cliente do mercado de luxo, também gosta de se relacionar com uma marca que passa essa ideia de exclusividade", diz.

Bedendo afirma, no entanto, que estratégias do tipo não tendem a ter vida longa nas empresas.

"Para as empresas de produtos de massa, essa é uma estratégia que atrapalha a linha de produção e tem um custo alto. As empresas usam esse modelo mais quando querem lançar um produto ou fazer uma promoção", afirma o professor. "Além disso, a maioria dos brasileiros ainda prefere produtos mais tradicionais, até porque o produto customizado costuma custar mais, e pouca gente está disposta a pagar."