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Casa da Moeda mostra como fabrica dinheiro; veja fotos

Júlio Reis

Do UOL, no Rio de Janeiro

30/08/2012 06h00

O sucesso de procura fez com que a Casa da Moeda do Brasil decidisse expandir seu programa de visitação guiada para que o público conheça de perto a indústria onde se fabrica o dinheiro que circula cotidianamente no país. Iniciadas neste mês, as visitas passarão a ser semanais a partir de outubro.

“O dinheiro fascina as pessoas e isso gera um interesse, uma curiosidade, em conhecerem a tecnologia utilizada nessa casa forte. Nós queremos assim mostrar às pessoas a segurança e o controle de qualidade envolvidos na fabricação não apenas de cédulas e moedas como de produtos que exigem alto grau de segurança e que são fabricados aqui, como passaportes e diplomas”, diz Fábio Bollmann, diretor vice-presidente de produção da Casa da Moeda.


Nas visitas monitoradas que duram cerca de duas horas, o público pode conhecer todas as fases de produção dos três departamentos da Casa da Moeda: o de cédulas, o de moedas e medalhas e o de gráfica geral, responsável pela fabricação de documentos e selos fiscais.

Localizada em Santa Cruz, zona oeste do Rio de Janeiro, a Casa da Moeda oferece aos visitantes a possibilidade de tranporte com ônibus que saem do Museu de Arte Moderna (MAM) no centro do Rio nos dias de visitação. Para se inscrever, os interessados devem acessar o site da instituição.

Cumpridas as exigências, os 120 primeiros inscritos poderão participar em grupos de 30 a serem distribuídos em quatro semanas. As inscrições começam sempre no primeiro dia do mês e devem ser refeitas caso o interessado não seja contemplado no calendário programado.

Recursos contra a falsificação são mostrados na visita

Durante a visita, o público poderá conhecer passo a passo como se dá a fabricação, por exemplo, das novas cédulas de R$ 10 e R$ 20, que fazem parte da segunda família de notas do real e que começaram a circular em julho.

“O processo de criação de um família de notas exige bastante sintonia entre o corpo da Casa da Moeda e do Banco Central. Há muitas questões envolvidas, como segurança e custo. Já o equipamento como impressoras e o papel são fornecidos por empresas que só podem vender para outras Casas da Moeda no mundo. O nível de excelência de fabricação do real não deve nada a outras notas”, diz Amílcar Aguillar, superintendente do departamento de cédulas.

As novas cédulas de R$ 10 e R$ 20 são fabricadas -assim como as novas notas de R$ 50 e R$ 100– em impressoras de tecnologia alemã que podem imprimir as notas em 28 cores contra 18 das antigas máquinas. O tempo de impressão saltou, no entanto, de nove para 12 dias.

A primeira fase da impressão é conhecida como offset. O papel já contém um fio magnético e recebe uma impressão de tinta invisível que só poderá ser detectada com o uso de um lâmpada ultravioleta. Nessa fase, também é impresso o “quebra-cabeça”, uma figura no topo das notas que muda, de acordo com o ângulo e a luz, para o valor numérico da nota.

Já na fase calcográfica (impressão em relevo), que é dividida em frente e verso da nota, o componente de segurança adicionado com a própria textura da impressão é o número escondido que pode ser visto a olho nu desde que contra a luz.

Há ainda uma fase conhecida como holograma, onde o número da nota é impresso de modo que sua cor tenha um brilho variável conforme a luz para as novas notas de R$ 10 e R$ 20 ou a impressão de um faixa holográfica para as novas notas de R$ 50 e R$ 100.

Este último elemento de segurança também era usado para a impressão das antigas notas de R$ 20, mas agora somente as notas de R$ 2 e R$ 5 da primeira família do real continuam sendo produzidas.

Na última fase, as notas recebem número de série, são cortadas e seguem para o cofre.

Exame de qualidade é feito exclusivamente por mulheres

Algumas folhas de notas, no entanto, podem antes passar por um crivo manual, num exame feito exclusivamente por mulheres. Cada folha contém entre 45 a 50 cédulas, de acordo com o tamanho das cédulas.

Há mais de 40 anos trabalhando na Casa da Moeda, Roberto da Silva, gerente-executivo da divisão de impressão de cédulas explica: “Tentamos usar homens, mas não deu certo, as mulheres tem de longe um performance mais apurada nesse processo de triagem de alguns páginas”.

Roberto da Silva diz ainda que as páginas que precisam ser verificadas corresponde a 7% das folhas impressas. A produção é de cerca de 10 mil folhas por hora.

Na segunda família de notas do real, o tamanho aumenta conforme o valor. Junto com elementos de textura da nota, isso permite maior acessibilidade a deficientes visuais e ainda ajuda a inibir a falsificação por lavagem química.

Neste ano, a Casa da Moeda deve produzir 2,840 bilhões de cédulas de reais para o Banco Central, além da encomenda de 370 milhões de cédulas venezuelanas (bolívares), 307 milhões de cédulas argentinas (pesos) e 40 milhões de cédulas paraguaias (guaranis). Em reais a nota mais produzida neste ano será a de R$ 50.