Nova classe média vira patroa com franquias que custam até R$ 50 mil
Durante dois anos, o gaúcho Marcos Lencina, 32, trabalhou em uma indústria de vinhos. Para complementar a renda familiar, ele ainda vendia bebidas destiladas de porta em porta. Até que o sonho de ter o próprio negócio falou mais alto e, com um investimento de cerca de R$ 30 mil, Lencina se tornou franqueado da Doutor Resolve (serviço de manutenção predial) em Gravataí (RS).
Um ano após deixar o emprego formal e investir na microfranquia – categoria cujo investimento inicial é de até R$ 50 mil –, o empresário emprega oito funcionários formais e diz que o retorno financeiro é 50% maior do que antes.
“Estamos apenas no começo, investindo em materiais, carros e cursos de capacitação. Com o tempo, conseguiremos lucrar ainda mais”, diz.
Também com o sonho de ter o próprio negócio, o operador de caixa Gabriel Pereira Barbosa, 27, tornou-se franqueado da Jan-Pro (limpeza comercial), em São Paulo (SP), há nove meses. Com investimento de R$ 10 mil, ele já fatura R$ 2.500 por mês, mas ainda precisa conciliar as duas atividades para pagar as contas.
“Das 16h à meia-noite, opero o caixa do restaurante. Das 6h às 10h, dedico-me à franquia”, afirma. O escritório de Barbosa fica na própria casa e o serviço é prestado no endereço dos clientes, 12 no total. O empresário ainda conta com um funcionário registrado para auxiliá-lo.
Baixo investimento torna microfranquias acessíveis
Segundo o diretor de microfranquias da ABF (Associação Brasileira de Franchising), Artur Hipólito, as microfranquias facilitam o acesso da nova classe média ao negócio próprio. Baixo investimento, alta porcentagem de lucro e a possibilidade de trabalhar em casa são os maiores atrativos da modalidade.
Serviços de limpeza comercial, como a Jan-Pro, podem ser abertos a partir de R$ 5.000. Já o reforço escolar, presencial ou online, da Tutores, Seu Professor e Kumon podem custam a partir de R$ 15 mil. Doutor Resolve, Home Angels e Microlins também têm formatos de negócio abaixo de R$ 50 mil.
“Antes das microfranquias, o franchising era sinônimo de alto investimento. A nova classe média não tem R$ 1 milhão para investir, mas tem R$ 20 mil ou R$ 30 mil guardados que podem ser usados”, diz.
Faturamento acompanha baixo investimento
O baixo investimento é refletido no valor do faturamento. São poucas as marcas que oferecem arrecadação superior a R$ 30 mil. No entanto, o diretor de microfranquias da ABF ressalta que o lucro líquido é elevado neste formato de negócio. “Como não há necessidade de ponto comercial, em alguns casos, a lucratividade pode chegar a 40%”, declara.
Hipólito recomenda uma avaliação detalhada antes de investir em uma microfranquia. Avaliar se a marca é credenciada pela ABF, visitar e conversar com franqueados e não apostar em um setor apenas porque está em alta são algumas dicas importantes.
“Nem sempre o que é bom para vizinho é bom para você também. O empreendedor tem de avaliar seus dons e habilidades antes de investir. O negócio só vai funcionar se ele estiver à frente, liderando a equipe. Se quiser conforto, é melhor continuar no emprego fixo”, afirma.
Microfranquias estão em crescimento
O mercado para as microfranquias é promissor. De acordo com dados da ABF, em 2011 elas faturaram R$ 3,7 bilhões, o que representa 4% de toda a arrecadação do franchising brasileiro. O número de marcas saltou de 213 para 336 no mesmo período.
Para Hipólito, existem muitas áreas a serem exploradas pelas microfranquias. Em outros países, setores como os de salão de beleza e contabilidade são dominados por redes franqueadoras. “As microfranquias vão ser um fator importante para que Brasil assuma a primeira posição no franchising mundial.”
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