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Foto mostra pela 1ª vez bateria danificada do gigante Boeing 787

Bateria queimada do Boeing 787 (esq.), que fez piloto cancelar voo, ao lado de bateria nova - AFP
Bateria queimada do Boeing 787 (esq.), que fez piloto cancelar voo, ao lado de bateria nova Imagem: AFP

Do UOL, em São Paulo

18/01/2013 11h03

Uma foto divulgada nesta sexta-feira (18) por investigadores japoneses que analisam as causas para o pouso de emergência de um Dreamliner - que levou à suspensão de utilização dos Boeing 787 em todo o mundo - mostrava que a bateria estava carbonizada.

Podiam ser observadas marcas chamuscadas na caixa azul que aloca a principal bateria da aeronave, que também apresentava o vazamento de um líquido parecido com alcatrão.

A imagem, divulgada à imprensa pelo Órgão de Segurança para o Transporte do Japão, mostrava que a tampa da caixa da bateria estava deformada e descolorida.

A bateria, que foi removida da principal unidade de alimentação na parte frontal do avião, foi retratada em um bancada de madeira perto de outra bateria, completamente intacta, da parte traseira da aeronave.

A bateria tem um espécie de revestimento branco, que, segundo meios de comunicação, possui oito células conectadas com uma série de fios.

Estes fios em torno das células da principal bateria do avião estão desfigurados.

Japão planeja concluir investigações em uma semana

A Agência de Segurança de Transportes do Japão disse que completou a inspeção do 787 Dreamliner da Boeing que fez o pouso de emergência no oeste do Japão e planeja concluir em uma semana a investigação sobre a bateria.

A agência tem trabalhado com autoridades de aviação norte-americanas e representantes da Boeing nas inspeções do avião da All Nippon Airways.

O órgão japonês disse que vai enviar a bateria destruída para análise em Tóquio e identificou semelhanças com o incidente ocorrido em Boston em que a bateria de um 787 da Japan Airlines pegou fogo.

Suspensão dos voos

A Autoridade Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) determinou a suspensão, no mundo todo, dos voos com o modelo Boeing 787 Dreamliner, após seis incidentes envolvendo a aeronave em menos de dez dias. 

"É uma decisão pouco frequente", declarou um porta-voz da agência de segurança aérea europeia, destacando que apenas o país de fabricação da aeronave pode tomar uma decisão semelhante em nível mundial. Segundo o jornal “Wall Street Journal”, é a primeira vez em 40 anos que os reguladores dos EUA adotam uma medida do tipo.

Antes de voltarem a operar com o modelo, as companhias aéreas devem demonstrar que as baterias são seguras, informou a agência norte-americana em comunicado. “A FAA vai trabalhar com o fabricante e as operadoras para desenvolver um plano de ação corretiva para permitir que a frota de 787 possa voltar a operar da forma mais rápida e segura possível.” 

A companhia americana Boeing, que aposta no modelo para competir com a Airbus, assegurou, na quarta-feira (16), que a segurança dos passageiros é sua "máxima prioridade", e se comprometeu a colaborar com as investigações sobre os incidentes. Em comunicado, o presidente da Boeing, Jim McNerney, disse que a companhia está trabalhando "contra o relógio" com os clientes e diversas autoridades reguladoras.

Na sexta-feira (11), o Departamento de Transportes dos EUA anunciou que faria uma ampla revisão nos sistemas críticos da aeronave, incluindo design, manufatura e montagem. Na quarta (16), as autoridades aéreas indianas imobilizaram os Boeings 787 da Air India em Boston.

No mesmo dia, as japonesas All Nippon Airways (ANA) e Japan Airlines (JAL) anunciaram a suspensão temporária das operações com seus Boeing 787. As duas possuem 24 aviões do modelo --quase metade dos 49 operacionais no mundo todo--, e realizaram revisões das baterias e dos condutores de combustível de suas frotas sem detectar anomalias. A decisão foi copiada pela LAN Chile, que suspendeu temporariamente a operação dos três Boeing 787 que possui.

Série de incidentes

No último incidente registrado, uma aeronave da ANA que fazia o voo entre Tóquio e Ube teve que desviar de sua rota para aterrissar, às 8h45 locais (21h45 de Brasília), 35 minutos depois da decolagem.

Passageiros usam escorregador para sair de avião gigante

A aeronave levava 129 passageiros e oito tripulantes a bordo, e ninguém ficou ferido, segundo o Ministério dos Transportes.

"Durante o voo, o comandante observou um alerta de falha procedente de uma bateria", revelou um porta-voz da ANA.

O piloto do voo e as autoridades aeroportuárias confirmaram que os indicadores da cabine detectaram um problema em uma das baterias do avião.

Histórico de falhas no modelo

No dia 7, em Boston, um 787 da Japan Airlines (JAL) proveniente do Japão teve um princípio de incêndio em terra. No dia seguinte, outro voo da JAL que partia de Boston foi atrasado por um vazamento de combustível.

No último dia 9, um voo da All Nippon Airways realizado por outro Boeing 787 foi cancelado no país asiático por causa de um problema nos freios.

Na sexta-feira, também no Japão, dois incidentes aconteceram a bordo de dois Boeing 787 da ANA: um voo foi cancelado por causa de uma rachadura no vidro da cabine, e outro foi atrasado por causa do vazamento de óleo.

Modelo fez primeiro voo comercial em 2011

Reguladores dos EUA levantaram dúvidas sobre a confiabilidade do 787 em longas rotas transoceânicas, publicou o jornal "Wall Street Journal".

O Dreamliner é o primeiro avião do mundo construído com compósitos de carbono e possui preço de tabela de US$ 207 milhões.

O modelo fez seu primeiro voo comercial no final de 2011, depois que uma série de atrasos de produção deixou as entregas do modelo três anos atrás do planejado. Até o final do ano passado, a Boeing vendeu 848 Dreamliners e entregou 49 unidades do modelo.

(Com agências)