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Pequenos negócios pedem ajuda a universitários e economizam 85% em consultoria

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

21/02/2013 06h00

No comando de um negócio, o empreendedor pode enfrentar situações que demandem uma consultoria especializada. No entanto, grande parte das micro e pequenas empresas não tem condições de pagar pelo serviço. Nesses casos, é possível pedir uma força aos universitários.

Uma alternativa acessível para resolver problemas em diversas áreas empresariais são as empresas juniores (EJs), criadas dentro de centros acadêmicos de todo o país. O serviço  pode custar até 15% do preço de uma consultoria de mercado, ou seja, uma economia de pelo menos 85% para o empreendedor.

COMO PEDIR AJUDA AOS UNIVERSITÁRIOS

O contato pode ser feito direto com as EJs via telefone ou e-mail. Para saber quais instituições atuam com a especialidade demanda, o empreendedor pode consultar as federações estaduais de empresas juniores. Não é obrigatório já ter tirado o CNPJ, pois as EJs também prestam serviços para pessoas físicas.

As EJs são formadas por alunos de universidades sob a supervisão de professores da instituição. O baixo custo do serviço ocorre porque o foco das EJs é a capacitação do universitário e não o lucro. A receita das consultorias é aplicada no treinamento dos estudantes, em novas ferramentas e equipamentos. Algumas também remuneram alunos que desenvolvem a parte técnica.

Segundo Censo realizado em 2012, com dados de 2011, pela Brasil Júnior (Confederação Brasileira de Empresas Juniores), há 206 EJs em atividade no país. A pesquisa mostra ainda que as micro e pequenas empresas representaram 94% dos atendimentos realizados naquele ano. Apenas 6% dos clientes eram empresas de médio ou grande porte.

De acordo com o presidente da Brasil Júnior, Marcus Barão, é comum que as EJs sejam segmentadas de acordo com os cursos das universidades (direito, contabilidade, administração, recursos humanos, marketing), mas há algumas que abrangem mais de uma área de atuação.

Os projetos desenvolvidos pelas EJs englobam todas as etapas da empresa, como a elaboração do plano de negócios, a criação do site da empresa ou até a melhoria de processos internos e gerenciais.
 
“Grande parte dos trabalhos realizados envolve planejamento e gestão do negócio. A vantagem para o empreendedor é que o serviço é mais barato e de qualidade equivalente ao de uma consultoria de mercado”, afirma Barão.

Empresária busca EJ para calcular valor de sua marca

  • Divulgação

    Isabella Prata buscou empresa júnior para calcular o valor de sua marca

A empresária Isabella Prata, 39, criadora da Escola São Paulo, buscou o auxílio da Empresa Júnior da FGV (Fundação Getúlio Vargas) para fazer a cálculo do valor de mercado da sua marca.

Segundo a empreendedora, a maior parte das consultorias particulares procuradas disse não ter condições de prestar o serviço. As que se declararam aptas, no entanto, pediram prazos longos para a conclusão do projeto.

“Precisava dos resultados em três meses. Apenas a empresa júnior conseguia cumprir o prazo. A consultoria mais rápida disse que precisaria de oito meses para terminar o projeto”, diz.

O trabalho apontou que Escola São Paulo está à frente de instituições renomadas em quesitos como qualidade de ensino e networking. Com base no valor de marca, pode-se direcionar ações marketing, precificar produtos e até mesmo determinar o valor da empresa no mercado.

Consultorias prestam serviços específicos

Diferentemente das incubadoras de empresas, as EJs atendem demandas específicas dos empreendedores e não oferecem suporte completo para o amadurecimento do negócio ou ganho de escala. Com algumas reuniões e visitas ao cliente, o consultor universitário elabora o projeto solicitado.

Segundo Henrique Leite, diretor de marketing da Empresa Júnior da FGV, é mais indicado que empreendedores busquem auxílio das EJs quando necessitam de soluções pontuais. Pode ser um estudo específico, a resolução de um problema ou a melhoria de determinados processos do negócio.

“Às vezes, o cliente apenas identifica sintomas de que há algo errado na empresa e nos procura. Nosso trabalho é descobrir as causas destes sintomas e solucioná-las”, afirma.

Para contratar o serviço não é necessário fazer inscrição ou passar por processo seletivo. A única exigência é que o tipo de consultoria demandada esteja dentro da área de atuação da EJ.

EJ contribui para formação empreendedora

  • Divulgação

    Rafael Avila virou empreendedor após experiência em empresa júnior da UFRJ

Se por um lado os clientes pagam menos pela consultoria, por outro os universitários experimentam estar no comando de uma empresa. De acordo com o Censo da Brasil Júnior, 28% dos estudantes que atuam em EJs pretendem ter o próprio negócio ao término da graduação.

É o caso do empresário Rafael Avila, 27. O jovem foi presidente da Ayra, empresa júnior da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e hoje é sócio da Luz Consultoria, especializada no atendimento de micro e pequenas empresas.

Avila declara que a vivência dentro da EJ fez com que ele aprendesse com a prática a tomar decisões acertadas e a lidar com as particularidades de cada profissional dentro do negócio.

“Na EJ, o aluno é inserido na realidade do mercado. Ele dirige o próprio negócio, toma decisões e se desenvolve mais rapidamente do que em um estágio.”