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Empreendedores lucram com o mercado de sexo

Danilo e Haroldo Fraiz são donos de sex shop - Divulgação
Danilo e Haroldo Fraiz são donos de sex shop Imagem: Divulgação

Larissa Coldibeli

Do UOL, em São Paulo

21/03/2013 06h00

O comércio de produtos eróticos no Brasil cresceu 18,5% em 2011, na comparação com o ano anterior. O país possui mais de 30 fabricantes, 50 distribuidores e 10 mil pontos de venda, entre sex shops, lojas de lingerie, lojas virtuais e outros estabelecimentos que oferecem produtos sensuais, segundo a Abeme (Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico e Sensual).

Os irmãos Haroldo Fraiz e Danilo Fraiz são empreendedores que faturam com este mercado. Eles são sócios na loja virtual Sex Shop Fácil e também tem uma loja física em São Paulo, a Disfruti.

O negócio existe há 11 anos mas, no início, era apenas um site de venda de vídeos pornôs. “O Danilo era programador de um site de anúncios de garotas de programas, que tinha uma seção de venda de filmes. Ele viu que era muito rentável e, como já tinha contato com os distribuidores, resolvemos criar um site para vender também”, conta Haroldo Fraiz.

Durante dois anos, eles ainda mantiveram seus empregos fixos. Apenas quando o site começou a dar lucro suficiente, eles passaram a se dedicar integralmente à atividade.

Porém, com o aumento da pirataria, as vendas diminuíram e eles adaptaram o negócio. “Neste mercado, você tem de estar antenado, ter novidades em produtos e acompanhar o que está em evidência na mídia. Se algo aparece num filme, no dia seguinte, todo mundo quer comprar. Isso vale para acessórios, lingeries etc.”, diz Fraiz.

Ele diz que nunca enfrentou preconceito por ser um empreendedor do sexo, mas a principal dificuldade foi convencer a família de que o negócio era rentável.

Mulher consome mais

As mulheres representam 68% dos consumidores de sex shop. Na internet, esse número cai para 55%. Do total de mulheres que frequentam os sex shops, 62% vão com outras mulheres.

“Esse espaço pode ser explorado pelo lojista como um ponto de encontro, para estreitar o relacionamento com as clientes”, diz o consultor de marketing Gabriel Rossi.

O consultor diz que, neste mercado, privacidade é tudo. Por isso, muitas vezes, os clientes preferem fazer suas compras pela internet ou com vendedoras diretas em casa. “Se quiser investir em loja, não precisa ter cara de sex shop. Pode ser uma loja de lingerie com acessórios, uma boutique”, declara.

Indústria de cosméticos impulsiona setor erótico no Brasil

  • Divulgação

    Empresa vai expor na Erótika Fair 2013 o vibrador líquido

Em 2011, pela primeira vez, a venda de produtos brasileiros superou o comércio de importados neste setor. Isso se deve à indústria de cosméticos nacional, que lidera o ranking de produtos mais vendidos, com géis excitantes, lubrificantes óleos para massagem, entre outros.

Isso ocorre por causa das restrições da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para a importação destes produtos. No entanto, segundo Paula Aguiar, presidente da Abeme, a indústria de cosméticos eróticos brasileira é considerada pioneira no mundo.

Alessandra Seitz, diretora da Intt Cosméticos, diz que a empresa se prepara para exportar seus produtos, entre eles, o vibrador líquido –um gel que, ao ser aplicado nas áreas íntimas, provoca a sensação de dormência e pequenas contrações.

O efeito do produto dura, aproximadamente, 20 minutos.

Ela afirma que há clientes fieis entre os consumidores de produtos eróticos. “Está mudando a visão de que os produtos devem ser usados só de vez em quando, para apimentar a relação. Temos clientes fieis para o gel anestésico, por exemplo. Isso é bom porque muda os hábitos de consumo”, declara.

Micros e pequenas empresas dominam

O mercado nacional é dominado por micros e pequena empresas, que geram mais de 125 mil empregos diretos e indiretos, de acordo com a Abeme. “O Brasil é referência mundial na fabricação de cosméticos e de lingeries, mas os itens de alta tecnologia, como vibradores, ainda são importados”, diz Paula Aguiar, presidente da Abeme.

Ela explica que está havendo uma mudança de percepção do mercado erótico por parte de empresas e consumidores. “Muitas empresas estão se posicionando como sensuais e românticas, isso aumenta o potencial”, afirma.

Em abril, São Paulo recebe a 20ª edição da Erotika Fair, encontro que reúne fabricantes, distribuidores, lojistas e prestadores de serviços.