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Creche de pets com playground e natação fatura até R$ 70 mil por mês

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

04/04/2013 06h00

Brincadeiras em playground, passeios no parque e aulas de natação. Essa poderia ser a programação de uma escola de educação infantil, mas faz parte da rotina de muitos cachorros, que são levados diariamente às creches exclusivas para eles.

Os espaços funcionam da mesma forma que uma creche para crianças: os animais são deixados no local pela manhã e praticam atividade física até a hora do almoço. Depois, escovam os dentes, voltam a brincar e, no fim da tarde, são resgatados pelos seus donos.

As mensalidades variam de R$ 200 a R$ 1.000, dependendo da quantidade de dias que o animal frequenta a creche. Por mês, o faturamento de uma creche canina pode chegar a R$ 70 mil.

Segundo Raquel Yukie Hama, 36, sócia da creche DogResort, em São Paulo (SP), os donos que levam os animais para as creches não querem deixá-los sozinhos por muito tempo. “Apesar de domesticados, os cães ainda mantêm características selvagens. Sozinhos, eles podem destruir móveis, latir sem parar e até se automutilarem”, afirma.

Empresária investiu R$ 150 mil

De acordo com Hama, a creche tem cerca de 700 metros quadrados. A estrutura inclui um playground com lago, piscina e uma sala de descanso com música relaxante para os cachorros. O investimento foi de R$ 150 mil.

Para serem admitidos na creche, os cães passam por uma avaliação comportamental e as vacinas precisam estar em dia. São exigidos exames periódicos de sangue, antipulgas e fezes. Os machos devem ser castrados.

As mensalidades variam de R$ 420 a R$ 609, dependendo da quantidade de dias que o animal frequenta a creche. Os valores não incluem banho e alimentação. O dono é o responsável por trazer a ração do seu bicho. Por mês, a empresa fatura R$ 60 mil.

“A chave para o sucesso é pensar em qualidade, não em quantidade. Não adianta ter um monte de animais aqui e eles saírem machucados”, diz a sócia da DogResort.

Trabalhar com cachorro requer treinamento

Também na capital paulista, a Dog's Ville tem 250 cachorros “matriculados”. No entanto, nem todos frequentam a creche todos os dias. Em média, 60 cães participam das atividades diariamente. A creche fatura mensalmente R$ 70 mil.

Mercado pet no Brasil

  • R$ 14,2 bilhões

    foi o faturamento do setor pet em 2012

     

  • 106,2 milhões

    é o total de bichos de estimação

     

  • 37,1 milhões

    é o total de cachorros domesticados

     

Fonte: Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação)

    Os pacotes podem variar de R$ 200 até R$ 1.000 por mês. Para o proprietário da creche, Antonio Tark, 37, para trabalhar com cachorros é preciso treinamento e entender o comportamento canino.

    “Se você deixar 50 crianças sozinhas numa creche, elas vão brigar. Com os cães é a mesma coisa, é preciso dar atenção. Os donos consideram o animal um membro da família e o cuidado tem de ser proporcional a isso”, declara.

    Serviços e criação oferecem oportunidade de negócio

    O setor pet está em alta. Segundo dados da Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação), o segmento faturou R$ 14,2 bilhões em 2012. O aumento foi de 16,4% em relação ao ano anterior (R$ 12,2 bilhões).

    Ainda segundo a entidade, existem 106,2 milhões de animais de estimação no país, sendo 37,1 milhões de cães. Para o presidente da Abinpet, José Edson Galvão de França, o setor apresenta oportunidades para novas empresas nas áreas de serviços como adestramento, creches,  "dog walker" (passeador de cães) e "pet sitter" (babá de animais).

    No caso das babás, há profissionais que ficam na casa do dono com o cachorro enquanto o proprietário trabalha e outros que recebem o animal na sua própria casa. O que difere esse serviço da creche são as atividades. Normalmente, as babás não oferecem playground e piscinas, por exemplo.

    De acordo com Galvão, também há espaço para investimento na criação de animais para revender. "Com o aumento da renda do brasileiro, mais pessoas estão comprando animais de raça."

    O presidente da Abinpet afirma, no entanto, que uma grande barreira para o setor é o excesso de regulamentação. Para entrar neste mercado é preciso conhecer normas do Ministério da Agricultura, Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e prefeituras.

    “A maioria [dos empresários] entra no mercado sem saber onde está pisando. Aí, acaba caindo na irregularidade e não consegue crescer de maneira saudável."