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Artesãos no CE usam intérprete para vender na Copa das Confederações

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

07/05/2013 06h00

A partir do dia 10 de junho, cinco dias antes do início oficial da Copa das Confederações, a cidade de Fortaleza (CE), uma das sedes do evento, vai ganhar uma loja especial com produtos de cerca de 6.000 artesãos. O grupo também contará com intérpretes de inglês para auxiliar nas vendas para turistas estrangeiros.

No total, oito vendedores deverão ser contratados pelo Estado para trabalhar na loja temporária. Haverá uma mescla entre vendedores que entendem de artesanato e os que falam inglês.

A aposta dos artesãos é a variedade de produtos com o tema do torneio e de peças inspiradas nas dunas cearenses. As peças incluem tapetes florais estampados com as cores da bandeira brasileira.

Há ainda bolsas e kits com aventais, luvas e suportes para mesa inspirados na cultura dos índios Anacés, primeiros habitantes da região metropolitana de Fortaleza, além de bolsas, carteiras, saias, blusas e vestidos.

O objetivo, segundo a coordenadora estadual de artesanato do Ceará, Amanaci Diógenes, é aproveitar o aumento no número de turistas por conta do torneio e da alta estação. A loja funcionará até 30 de julho.

De acordo com Diógenes, o espaço será instalado na avenida Monsenhor Tabosa, conhecido corredor comercial do município. A loja também terá catálogos e fôlderes com informações sobre os produtos em português e inglês.

"Queremos divulgar o artesanato onde haja grande concentração de turistas. Todo este esforço será repetido na Copa do Mundo, no próximo ano", diz a coordenadora.

Além de produtos de artesãos do próprio Ceará, o espaço também terá itens de outros Estados, como Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Paraíba, Piauí e Sergipe.

Fortaleza será sede de três jogos da Copa das Confederações, inclusive da seleção brasileira contra o México. A expectativa, segundo os próprios artesãos da cidade, é de que o torneio gere um aumento de 20% a 50% nas vendas.

De acordo com a presidente da associação de artesãos Artfio, Maria da Conceição Juvêncio, 61, seu grupo aposta em uma coleção de produtos específicos para a competição. O planejamento começou em outubro do ano passado e as peças devem ficar prontas a partir da metade de maio.

A coleção é composta por tapetes florais estampados com as cores da bandeira brasileira. Há ainda bolsas e kits com aventais, luvas e suportes para mesa inspirados na cultura dos índios Anacés, primeiros habitantes da região metropolitana de Fortaleza.

O preço de um tapete floral varia de R$ 78 a R$ 100. As bolsas e os aventais custam, em média, R$ 50 e R$ 45, respectivamente.

“Nossa região tem uma forte ligação com a cultura indígena. É algo que o turista gosta bastante”, afirma. Ao todo, 30 artesãos fazem parte da associação.

Grupo cria peças inspiradas nas dunas cearenses

Já os artesãos da associação Aarte, também na capital cearense, trabalham na linha de produtos para a Copa das Confederações desde janeiro. A meta é ter as mercadorias prontas até o início de junho.

Entre os itens produzidos pelos artesãos estão bolsas, carteiras, saias, blusas e vestidos. Segundo a presidente da associação, Angelice Custódio, 45, a nova coleção será inspirada nas dunas das praias de Fortaleza.

Os preços variam de R$ 40 a R$ 50 para bolsas e carteiras, enquanto as peças do vestuário feminino vão de R$ 25 a R$ 100.

Para Custódio, o maior desafio durante o evento será a comunicação com os turistas estrangeiros. “Não conseguimos nos prepararmos adequadamente, mas para o brasileiro não existe dificuldade. A gente vende nem que seja na linguagem dos dedos”, diz.

Período exige mudanças no atendimento

De acordo com o diretor técnico do Sebrae Ceará, Alci Porto, os setores que terão maior procura durante a Copa das Confederações serão: agências de turismo, bares, restaurantes, hotéis, pousadas, guias turísticos, artesanato e comércio varejista.

Todas estas áreas estão diretamente ligadas ao aumento do fluxo de turistas nas cidades-sedes. "O artesanato brasileiro tem muita qualidade e é bastante procurado pelos visitantes como lembrança da viagem", afirma.

Segundo Porto, aumentar a oferta de produtos com itens especiais para o evento esportivo e deixar o atendimento mais rápido e personalizado são pequenas alterações que podem fazer com que o empresário venda mais.

“É importante o empreendedor perceber que o período exige mudanças. O produto de hoje pode não estar adequado aos clientes que virão para assistir aos jogos, que são mais exigentes e refinados”, declara.

Apesar do empenho dos artesãos de Fortaleza, nem todos os empresários estão planejando ações para vender mais durante a Copa das Confederações. 

Uma pesquisa feita pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e pela CNDL (Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas) apontou que 59% dos comerciantes brasileiros ainda não fizeram nada para receber o evento.