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Destilaria do RS exporta para Japão e faz leilão de pinga a R$ 2,7 mil

Sophia Camargo

Do UOL, em São Paulo

06/06/2013 06h00

A dose da pinga num boteco em São Paulo custa cerca de R$ 3. Mas há quem pague R$ 2.700,00 pela garrafa do lote 48 da cachaça Extra Premium reserva especial da Cachaçaria Weber Haus da pequena cidade de Ivoti (a 55 km de Porto Alegre, RS).

As 2.000 garrafas do lote da cachaça dourada envelhecida 12 anos têm detalhes folhados a ouro para agradar um público endinheirado. Evandro Weber, diretor da empresa, promete leiloar a garrafa de número 001 na internet no ano que vem, antes da Copa do Mundo, assim que for vendido todo o lote.

O lance inicial será a partir de R$ 2.700, já que a garrafa de número 002 foi vendida a R$ 2.699 e cada garrafa de número inferior custa R$ 1 a mais. A cachaça está sendo oferecida a partir de US$ 800 nos Estados Unidos, na rede Fogo de Chão. Quem quiser comprar no Brasil deve ligar para a empresa.

A cachaçaria já conquistou 35 prêmios no Brasil e no exterior –entre eles o de melhor bebida na categoria de destilados brancos no The San Francisco World Spirits em 2008– e acaba de desembarcar no Japão o primeiro lote de exportação das branquinhas gaúchas para aquele país.

Empresa exporta cachaça até para a região do Triângulo das Bermudas

Segundo Weber, 40% do faturamento já decorre das vendas ao exterior. A primeira exportação foi para o Triângulo das Bermudas em 2006. Daí, a empresa passou a exportar para Alemanha, Itália, Canadá, China, Estados Unidos e agora o Japão. "Conseguimos esse resultado participando de feiras nacionais e internacionais."

A negociação no Japão foi um processo interessante, conta o executivo. Sessenta dias atrás, a empresa participou de uma feira em Tóquio, e a bebida chamou a atenção de funcionários de uma companhia importadora e distribuidora de bebidas.

No outro dia, apareceram no stand os donos da empresa, que foram degustar o produto e, com a ajuda de tradutores, o negócio foi fechado na hora. "Eles não falavam inglês e eu não falo japonês. Normalmente as negociações no Japão costumam demorar pelo menos seis meses, mas essa foi fechada em dois dias", conta Weber.

Os japoneses encomendaram 2.700 garrafas de seis tipos de cachaça Weber Haus. A cachaça prata e a prata orgânica, a cachaça envelhecida em madeira amburana (com a qual a destilaria ganhou o primeiro lugar na revista VIP entre as cachaças); a cachaça Premium envelhecida em carvalho americano e cabreúva; a cachaça Premium Gold, envelhecida três anos em carvalho francês e a cachaça Premium Black, que descansa dois anos em carvalho francês e um ano em bálsamo brasileiro.

Os japoneses ainda pediram 35 caixas da caipirinha Lundu -cujo nome refere-se a uma dança surgida no Brasil que mesclava os batuques dos escravos e os ritmos portugueses fazendo muito sucesso nas fazendas de produção de açúcar.

Destilaria começou em 1948 com mulas levando barricas

A meta de Weber é atingir 50% do seu faturamento em exportação até a Copa do Mundo. Uma rápida evolução para uma empresa de 65 anos que apenas em 2001 começou a vender para a vizinha Porto Alegre.

Quando a produção começou, em 1948, o avô de Evandro Weber, José Weber, levava a produção armazenada em barricas numa carroça puxada por quatro mulas até Novo Hamburgo, único mercado até 1968.

A partir daí, os pais de Evandro Weber, Hugo Aluísio e Eugenia, começaram a engarrafar a cachaça em garrafas de cerveja e vender como Caninha Primavera.

Apenas em 2001, quando Weber e suas irmãs Eliana, Mariane e Edete assumiram a empresa, foi que decidiram mudar o nome para Cachaça Weber Haus ("casa de Weber", em alemão) e vender para outras cidades. "Achamos o nome Caninha Primavera muito fraco. Weber Haus remete às nossas origens", diz Weber.

A decisão provou-se acertada. Hoje, a destilaria produz 180 mil litros de cachaça numa área de 3.000 metros quadrados em que trabalham 32 empregados.

Quando se pensa em cachaça, normalmente vêm à mente os alambiques de Minas Gerais, interior de São Paulo e Nordeste, nunca do Sul do Brasil. A razão é o desconhecimento, afirma Weber.

Temos uns 3.000 alambiques no Rio Grande do Sul, mas apenas uns 50 registrados. "É que antes a gente fazia a cachaça toda para consumo próprio. Agora é que resolvemos vender a sobra", brinca.

Ivoti, a cidade onde está instalada a cachaçaria Weber Haus, faz parte da chamada Rota Romântica, que abrange 14 municípios localizados entre a planície do Vale do Rio dos Sinos até o Planalto da Serra Gaúcha. A cachaçaria fica aberta todos os dias, das 9h às 12h e das 13h30 às 16h30, para quem deseja conhecer e provar os produtos.