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Estratégia para comprar dólar depende de quando é a viagem; saiba mais

Aiana Freitas

Do UOL, em São Paulo

06/06/2013 06h00

As recentes oscilações no dólar têm assustado os brasileiros que estão com viagem marcada para o exterior. A dica de especialistas em finanças pessoais é comprar a moeda de acordo com a data da viagem.

Quem tem viagem marcada para daqui a algumas semanas, por exemplo, deve fazer a compra de forma gradual, em duas ou três vezes. Já quem vai viajar daqui a menos de 15 dias deve comprar a moeda agora de uma vez só.

O dólar comercial terminou a quarta-feira em leve alta de 0,1%, cotado a R$ 2,131. Durante o dia, porém, a moeda chegou a atingir picos de 2% de queda e 1% de alta.

Para tentar conter as oscilações, o governo zerou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) cobrado de estrangeiros que aplicam em renda fixa no Brasil. A alíquota em vigor era de 6%.

Ideal é comprar moeda aos poucos

Para evitar correr riscos em cenários como o atual, o ideal, dizem os especialistas, é sempre comprar moeda estrangeira aos poucos, começando pelo menos seis meses antes da viagem. Assim, o consumidor terá tempo de sobra e poderá fazer o câmbio quando as cotações estiverem mais baixas.

Um cálculo feito pelo economista e professor da FGV Samy Dana mostra a vantagem da compra gradual. Se o consumidor comprar US$ 2.000 em dinheiro com a cotação a R$ 2,15, por exemplo, ele vai gastar, no total, R$ 4.316,34.

Se esse mesmo consumidor tivesse comprado metade dos US$ 2.000 quando a cotação estava em R$ 2,10 e a outra metade com a cotação em R$ 2,15, o gasto total final seria menor, de R$ 4.266,15 (uma diferença de R$ 50,19 a menos). Isso porque, na média, o consumidor terá pago uma cotação de R$ 2,13 pela moeda.

GASTO COM A COMPRA DE DÓLAR
Veja quanto custa comprar US$ 2.000 em diferentes cenários

EXEMPLOCOTAÇÃO MÉDIA DO DÓLARGASTO COM IOF*GASTO TOTAL
De uma só vez, com o dólar a R$ 2,15R$ 2,15R$ 16,34R$ 4.316,34
Em duas vezes, com o dólar a R$ 2,10 e R$ 2,15R$ 2,13R$ 16,15R$ 4.266,15
Em três vezes, com o dólar a R$ 2,05, R$ 2,10 e R$ 2,15R$ 2,10R$ 15,96R$ 4.215,96
  • * Considerando-se IOF de 0,38% cobrado na compra de moeda em dinheiro e no carregamento de cartão pré-pago
  • Fonte: Samy Dana/FGV

As contas consideram a cobrança de IOF de 0,38%, que incide tanto na compra de moeda em dinheiro como no carregamento de cartões pré-pagos de viagem. Os cartões podem ser usados na função débito fora do Brasil. Caso queira sacar dinheiro com eles no exterior, porém, o consumidor tem de pagar uma taxa.

"Se você deixar para comprar o dólar na última hora, pode se dar muito bem, caso a moeda caia, mas também pode se dar muito mal, se ela subir. Comprando dólar aos poucos, é possível minimizar o risco", diz Samy Dana.

Quanto maior for o prazo até a data da viagem, mais devagar deve ser feita a compra. Quem vai sair do país daqui a um mês, por exemplo, pode comprar metade agora e a outra metade uma semana antes da viagem. Quem tem 45 dias pela frente pode fazer a compra em três momentos.

Se viagem está próxima, compra deve ser imediata

O brasileiro que está com a viagem marcada para os próximos 15 dias, porém, não terá tempo suficiente para escolher o melhor momento. Nesse caso, a melhor opção é comprar dólar agora e evitar maiores riscos.

"O custo de risco do câmbio é elevado. Se a viagem está em cima da hora, então a pessoa já errou por não ter se prevenido", diz Michael Viriato, professor de finanças do Insper.

"Não se espera que o dólar chegue a R$ 2,30 ou R$ 2,50, mas no curto prazo ainda podem ocorrer oscilações. Para quem não fez a compra ainda, o menor risco é fazer isso agora."

O professor de finanças Marcos Crivelaro, da Fiap, diz que pode ser interessante, também, comprar alguma moeda agora e deixar alguns gastos para serem feitos no cartão de crédito durante a viagem.

Como os gastos só serão feitos daqui a algumas semanas e o câmbio só será definido no dia do fechamento da fatura, o consumidor pode ser beneficiado com uma cotação mais baixa, uma vez que a expectativa é de queda para os próximos meses.

As compras feitas no cartão de crédito em moeda estrangeira, porém, estão sujeitas a um IOF de 6,38%, o que não acontece com o uso de dinheiro ou de cartão pré-pago. Nessas duas situações, o IOF é cobrado apenas na hora da compra da moeda ou do carregamento do cartão, e é bem mais baixo, de 0,38%.

Ainda assim, diz Crivelaro, o cartão pode se mostrar interessante no longo prazo. "Se a cotação da moeda cair 10%, por exemplo, isso pode compensar o IOF do cartão", diz Crivelaro. A estratégia, porém, envolve riscos, alerta o especialista.