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Imobiliárias dos EUA lançam casas e apartamentos com cara brasileira

Aiana Freitas

Do UOL, em São Paulo

07/08/2013 06h00

Apartamentos e casas com armários brancos e pisos de porcelanato, que podem ser financiados em até 30 anos e contam com serviços de babá e empregada doméstica. O setor imobiliário americano está apostando em serviços e produtos moldados ao gosto do consumidor brasileiro.

Os brasileiros descobriram boas oportunidades de compras nos Estados Unidos especialmente depois da crise financeira de 2008. Os preços de imóveis em cidades como Miami e Orlando caíram, ao passo que, aqui, o mercado caminhou no sentido inverso.

Um sinal evidente do investimento feito nos clientes brasileiros é a contratação de profissionais da mesma nacionalidade, que podem ajudar os compradores a superar a barreira da língua na hora da negociação.

Atualmente, muitos imóveis que são vendidos mobiliados também já são decorados com a "cara" do brasileiro.

"Os americanos gostam de armários escuros e paredes com cor, mas as construtoras estão usando uma decoração mais clean e contemporânea, com armários e paredes brancas e pisos de porcelanato, que é como o brasileiro gosta", diz Rosana Almeida, proprietária da Florida Connexion.

A corretora, localizada em Orlando, vende imóveis para estrangeiros e foi uma das expositoras da Investir USA Expo, evento realizado em São Paulo na semana passada e destinado a brasileiros que querem investir naquele país.

Além da venda, a Florida Connexion faz, ainda, a administração de imóveis. Nesse caso, também tem ampliado a oferta de serviços para agradar aos consumidores daqui.

Um dos diferenciais é o serviço de concierge. Basta o cliente avisar que vai passar uma temporada no imóvel que comprou nos Estados Unidos para a empresa providenciar a contratação de babás e empregadas domésticas.

Essas, "mordomias" geralmente não fazem parte das exigências dos americanos, mas os brasileiros gostam.  "Nosso objetivo é tirar a dor de cabeça do cliente", diz Rosana Almeida.

Resort de luxo para brasileiros

Também com foco no cliente do Brasil, a construtora americana Liberty Grand acaba de iniciar a construção do empreendimento Costa Hollywood Condo Resort, um resort de luxo em Hollywood Beach, no sul da Flórida.

As 307 unidades serão vendidas mobiliadas e têm terraços envidraçados e vista para o mar. Os apartamentos, que custam de US$ 220 mil a US$ 800 mil (de R$ 506 mil a R$ 1,84 milhão), têm quartos amplos e lavanderia, aspectos valorizados pelo público brasileiro.

"Hoje, com US$ 300 mil, dá para comprar 'o' apartamento nos Estados Unidos. No Brasil, não. A cada dia que passa, a procura dos brasileiros está maior. Por isso eles estão virando o foco dos empreendimentos, assim como os argentinos e os venezuelanos", diz Anielly Maia, representante do Costa Hollywood no Brasil.

Para ela, a facilidade de compra de passagens aéreas tende a fazer com que brasileiros que queriam comprar seu segundo imóvel optem por fazer isso nos Estados Unidos.

Financiamento em até 30 anos

Outro fator que ajuda a atrair os brasileiros para o mercado americano é a possibilidade de comprar imóveis por meio de financiamentos. Hoje, os bancos já financiam até 70% do valor para os brasileiros. Muitas vezes, o processo de compra acaba sendo mais rápido do que seria aqui no país.

Nem o dólar alto deve ser um empecilho para quem pensa em investir naquele país, diz o consultor de investimentos imobiliários Sidney Shauy, que atua nos Estados Unidos. Para ele, o potencial de valorização do mercado imobiliário nos EUA oferece grande vantagem para o brasileiro.

"A conjuntura atual ainda favorece a compra, apesar de os preços terem subido e o dólar, também. Os EUA têm mais potencial do que mercado brasileiro, porque lá os imóveis se desvalorizaram muito nos últimos anos e agora os preços estão voltando a subir", afirma Shauy.

Um levantamento feito pelo consultor com base em índices do mercado imobiliário nos Estados Unidos mostra que, em Miami, de 2011 até o começo de 2013, os preços dos imóveis subiram 17%.

Em Nova York, a valorização foi de 17,5% entre 2009 e maio deste ano. Os valores, porém, ainda estão muito abaixo daqueles verificados antes da crise, o que evidencia um potencial de crescimento ainda maior.

Investir no exterior traz riscos

A compra de um imóvel no exterior, porém, não é uma opção interessante para todo mundo.

Especialistas alertam que é preciso levar em conta os custos de manutenção do imóvel. O imposto cobrado sobre a posse do imóvel, por exemplo, equivale a 2% do valor total e é pago anualmente. Além disso, mesmo quem compra uma casa só para passar férias precisa arcar com o condomínio todos os meses, o que pode pesar bastante no bolso em época de dólar em alta.