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Crise de Eike foi "só mais uma razão" para mudar índice, diz Bovespa

Do UOL, em São Paulo

12/09/2013 09h25Atualizada em 12/09/2013 09h57

O presidente-executivo da BM&FBovespa (BVMF3), Edemir Pinto, afirmou nesta quinta-feira (12) que a derrocada nas ações da petroleira OGX (OGXP3) foi "só mais uma razão" por trás da mudança da metodologia do seu principal índice, o Ibovespa.

Segundo Edemir, a decisão de alterar o índice foi uma das mais "difíceis e importantes" das últimas duas décadas.

Na quarta-feira, a BM&FBovespa anunciou a primeira modificação na metodologia do Ibovespa em 45 anos, num esforço para tornar o principal índice acionário brasileiro menos suscetível à oscilações bruscas e mais representativo do conjunto da economia do país.

Histórico será mantido

O histórico do Ibovespa será mantido após a mudança no cálculo do índice, afirmou o diretor executivo de produtos e relações com investidores da BM&FBovespa, Eduardo Guardia.

A Bolsa fez um exercício que mostra que, se o Ibovespa fosse calculado com a nova metodologia desde 2010, a performance do índice seria melhor do que na forma tradicional. O diretor da BM&FBovespa ressaltou, porém, que o objetivo da mudança no Ibovespa não tem relação com o desempenho do indicador.

A carteira do Ibovespa válida a partir de 6 de janeiro de 2014 ainda não vai incorporar todas as mudanças do índice. O cálculo será feito a partir de uma média simples entre a metodologia atual e a nova, afirmou Guardia. Por exemplo: uma ação que teria peso de 4% pelo critério atual e 2% no novo terá uma participação de 3% na carteira de janeiro.

Nova metodologia será implantada de forma escalonada

A nova metodologia começa a valer já a partir desta quarta (11), mas será implantada de forma escalonada, em duas etapas. Primeiro, será uma mistura da regra antiga e da nova. Depois, a partir de maio de 2014, só valerá o novo cálculo.

As mudanças foram anunciadas numa nota distribuída pela BM&FBovespa na noite desta quarta-feira. No comunicado, a Bovespa diz que o índice fica agora alinhado ao que é "praticado em outros países" e que a mudança "adapta o Ibovespa ao cenário atual do mercado de capitais brasileiro, além de torná-lo mais robusto para o crescimento que se espera para o futuro do país".

As mudanças eram esperadas pelo mercado. Analistas consideram que algumas empresas têm muito peso no índice. Se elas vão mal, a Bolsa também cai muito, apesar de outras empresas importantes estarem bem.

Crise de Eike forçou mudança

Foi o caso dos papéis da OGX (OGXP3), petroleira do megaempresário Eike Batista, que valem atualmente cerca de R$ 0,40 e possuem um dos maiores pesos no Ibovespa.

Com o preço baixo das ações, as oscilações percentuais são sempre muito intensas: um centavo de diferença nas negociações já causa uma variação expressiva. Isso afeta o resultado final do Ibovespa.

Além de impedir oscilações muito bruscas, especialistas esperam que a reforma amplie o número de ações que compõem o índice.

"O mercado está imaginando algo em torno de cinco a dez ações a mais", afirmou o professor da Fipecafi, Fernando Galdi, à agência de notícias Reuters.

Metodologia em vigor

Atualmente, a Bovespa escolhe quais ações vão fazer parte do índice por meio de alguns critérios, que levam em conta os 12 meses anteriores à vigência da composição.

As ações que compõem o Ibovespa precisam movimentar, juntas, pelo menos 80% do volume negociado em todos os outros índices. 

Além disso, cada ação do Ibovespa precisa representar pelo menos 0,1% de todos os negócios da Bolsa, e ter sido negociada em pelo menos 80% das sessões no período.

(Com Reuters e Valor)