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BlackBerry anuncia prejuízo de quase US$1 bi, após fechar acordo de venda

Do UOL, em São Paulo

27/09/2013 10h02Atualizada em 27/09/2013 12h58

A fabricante de celulares Blackberry anunciou, nesta sexta-feira (27), um prejuízo trimestral de quase US$ 1 bilhão. O balanço da empresa foi publicado quatro dias após a companhia fechar acordo para ser vendida por US$ 4,7 bilhões para um consórcio liderado pela empresa de investimentos canadense Fairfax Financial Holdings.

Porém, nenhuma menção à negociação para venda da fabricante canadense à Fairfax foi feita no balanço.

A Blackberry já havia alertado, uma semana antes, que deveria ter um prejuízo operacional de quase US$ 1 bilhão no trimestre, e anunciou um corte de um terço de seus funcionários. O motivo: vendas mais fracas que o esperado.

Agora, a companhia anunciou oficialmente que seu prejuízo líquido no segundo trimestre encerrado em 31 de agosto foi de US$ 965 milhões, ou US$ 1,84 por ação, com a receita caindo 45% ante um ano antes, para US$ 1,6 bilhão. Em igual período do ano anterior, o resultado havia ficado negativo em US$ 235 milhões.

A BlackBerry afirmou que não vai realizar a tradicional conferência com investidores após a divulgação dos resultados.

"Estamos muito decepcionados com nossos resultados operacionais e financeiros neste trimestre e anunciamos uma série de mudanças para enfrentarmos o ambiente competitivo de hardware e nossa estrutura de custos", afirmou o presidente-executivo da empresa, Thorsten Heins, no balanço.

A BlackBerry anunciou que vendeu 5,9 milhões de telefones no trimestre, a maioria de modelos antigos, mas reconheceu uma receita de apenas 3,7 milhões de unidades, dado que muitas vendas já haviam sido lançadas. Em contraste, a Apple afirmou ter vendido 9 milhões de seus novos iPhones 5c e 5s nos três dias após o lançamento dos modelos.

Proposta de venda da Blackberry é 'furada', dizem analistas

O mercado tem dúvidas quanto à habilidade da Fairfax para cumprir a oferta de US$ 9 por ação para adquirir a fabricante de smartphones Blackberry.

De acordo com analistas e imprensa local, a proposta da Fairfax foi, na verdade, furada. A holding ainda estaria buscando quase US$ 4 bilhões dos US$ 4,7 bilhões que ofereceu para comprar a BlackBerry --e poucos investidores se mostram interessados em ajudá-la.

Acordo para venda por US$ 4,7 bi

Um consórcio liderado pela empresa de investimentos canadense Fairfax Financial Holdings ofereceu comprar a BlackBerry, também do Canadá, por US$ 4,7 bilhões. Em comunicado divulgado na segunda-feira (23), a fabricante de smartphones revelou que uma carta de intenções foi assinada entre as partes.

O valor seria pago em dinheiro pela Fairfax, e a empresa sairia da Bolsa de Valores. 

De acordo com a BlackBerry, a firma de investimentos solicitou seis semanas para realizar a auditoria necessária e decidir quanto à aquisição -até o prazo máximo de 4 de novembro. A venda também depende de a Fairfax obter financiamento. Nesse período, a BlackBerry também pode buscar quem pague mais pelo negócio.

A Fairfax já detém aproximadamente 10% do capital social da empresa. Um comunicado da BlackBerry não cita os membros do consórcio, apesar de muitas pessoas do mercado afirmarem que fundos de pensão canadenses devem ser participantes.
 
A BlackBerry está à venda desde agosto, após alguns anos enfrentando dificuldades. Anteriormente conhecida como Research In Motion (RIM), a companhia entrou tarde no mercado de smartphones com tela sensível ao toque, e perdeu participação de mercado para o iPhone da Apple e para os aparelhos que usam o sistema operacional do Google, o Android.
 

Empresa já foi líder, agora luta contra Apple e Samsung

A BlackBerry, com sede em Waterloo, Ontário (Canadá), foi pioneira no acesso a emails pelo celular, e por anos teve seu aparelho como artigo obrigatório entre membros de governos, executivos e advogados.

Ela ainda tem uma base de clientes substancial, de 72 milhões de usuários em todo o mundo no final de junho, apesar do número ter diminuído ante os 76 milhões de clientes três meses antes.

A BlackBerry tem lutado desde que o iPhone, da Apple, e os telefones Galaxy, da Samsung, avançaram para dominar um mercado que antes era seu.

A canadense apostou forte que o smartphone Z10, o primeiro baseado em seu novo sistema operacional BlackBerry 10, iria ajudá-la a recuperar um pouco do brilho que detinha quando os usuários destes dispositivos eram em sua maioria advogados, banqueiros e políticos. Mas a aposta ainda não vingou.

Estimativas de Kaushal, da GMP, apontam que quase 3 milhões dos últimos aparelhos BlackBerry 10 estão juntando em distribuidoras que não conseguiram vendê-los.

Para o segundo trimestre fiscal, a empresa disse que espera vendas de 3,7 milhões de smartphones BlackBerry para os usuários finais.

(Com agências)