Após Economist, NY Times e Wall Street Journal criticam economia do Brasil
Duas semanas depois de a revista britânica "The Economist" criticar a economia brasileira, dois dos mais influentes jornais do mundo também destacaram o país em suas páginas.
O americano "The New York Times" fez editorial em que elogia os avanços "impressionantes" dos governos Lula e Dilma, mas ataca a falta de estrutura, a concentração de renda e os impostos e afirma que a presidente não cumpriu promessas feitas após os protestos que sacudiram o país em junho.
O também americano "Wall Street Journal", especializado em negócios e finanças, aponta o endividamento excessivo da nova classe média como uma das causas para o esfriamento da economia.
Capa da revista "The Economist" há 2 semanas
Capa da mesma revista em novembro de 2009
Há duas semanas, a "Economist" publicou uma capa que mostra o Cristo Redentor como um foguete que cai após decolar. O título foi "Será que o Brasil estragou tudo?".
Brasil precisa de reformas políticas e investimento público, diz editorial
No editorial "Os próximos passos do Brasil", o "NYT" elogiou programas sociais dos governos Dilma e Lula, como o Bolsa Família, frisando que houve redução na pobreza e na mortalidade infantil e melhorias na saúde. Mas o editorial pede "reformas políticas e projetos de investimento público para retomar o crescimento e manter a inflação sob controle".
O texto lembra dos protestos em junho e diz que a presidente Dilma Rousseff, em resposta às manifestações, fez promessas de reforma política e investimento em infraestrutura, mas não as cumpriu. O jornal assinala que haverá eleição presidencial no próximo ano.
Para o "NYT" a renda do brasileiro cresceu, mas a concentração ainda é alta. Entre os problemas citados, estão inflação, crescimento baixo no ano, impostos altos, falta de estradas e ferrovias e portos em más condições.
Sobre custo de vida, o texto menciona que os gastos com alimentos e moradia em São Paulo são mais altos do que em cidades similares em outros países.
Também critica a educação e pede uma reforma no setor. Cita a má-colocação do país em testes internacionais de matemática, leitura e ciências.
O editorial relaciona o programa Mais Médicos, que está importando médicos de outros países, à "falta crônica de profissionais". Segundo o jornal, "o governo precisa construir mais universidades".
Endividamento da nova classe média chama atenção do "WSJ"
Na reportagem "A conta chegou para a classe média do Brasil", o "Wall Street Journal" aponta o endividamento excessivo da nova classe média como uma das causas para o esfriamento da economia.
Também cita a redução de exportações para a China. Além disso, mostra que a indústria nacional teve problemas porque o real estava forte (as exportações caíram por causa disso).
A inflação alta (em torno de 6% em 12 meses) também preocupa. E isso tem obrigado o Banco Central a aumentar os juros, o que deve apertar ainda mais a economia (com juros altos, a economia tende a crescer menos, porque as empresas não se expandem tanto e os consumidores cortam compras a crédito).
A reportagem mostra que muitos brasileiros tiveram acesso pela primeira vez ao crédito, fizeram muitos financiamentos e não estão conseguindo pagar.
Os problemas do Brasil são um alerta para outros emergentes, diz o WSJ: no Brasil, na Indonésia e na África do Sul, o rápido crescimento de uma nova classe média tirou milhões da pobreza nos últimos dez anos.
Isso deu acesso a crédito e consumo pela primeira vez, mas os fez se afundarem em dívidas. O jornal cita a explosão de venda de carros como efeito do crédito fácil.
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