Mercado pode tremer nesta terça por medo de rebaixamento de outras agências
A agência de avaliação de risco Standard & Poor's (S&P) anunciou, nesta segunda-feira (24), o rebaixamento da nota de crédito do Brasil. A decisão deve fazer o dólar operar em alta nesta terça-feira (25), e pode gerar uma reação em cadeia, levando outras agências a cortar a nota brasileira também, segundo analistas de mercado ouvidos pela agência de notícias Reuters.
"A tendência natural para os mercados amanhã é o medo de que haja uma reação em cadeia e outras agências façam o mesmo", segundo Ariovaldo Santos, gerente de Renda Variável da corretora H.Commcor.
"Haverá aumento do custo de captação das empresas brasileiras no exterior e da colocação de títulos brasileiros no exterior. De forma mais imediata a taxa de câmbio vai abrir em alta na terça-feira, assim como os juros nos mercados futuros", afirmou Eduardo Velho, economista-chefe da consultoria INVX Global Partners.
"Dependendo da velocidade da alta do dólar em relação ao real e da duração, isso também afetará as perspectivas futuras para a inflação, alterando as apostas de novas altas para a taxa [básica de juros] Selic."
Decisão não é surpresa, mas veio antes do esperado
A decisão já era prevista, mas chegou antes do esperado. "A decisão já era esperada. O momento, porém, parece ter sido mais cedo que o esperado", segundo o economista sênior para América Latina da consultoria 4Cast Pedro Tuesta.
"A decisão surpreendeu pelo 'timing', mas não pelo conteúdo", disse o economista-chefe do banco J. Safra, Carlos Kawall.
“Notícia ruim para o mercado, havia alguma possibilidade de que a S&P esperasse até depois da eleição. Eu acho que talvez a proximidade da Copa e da campanha eleitoral tenha antecipado um pouco a decisão”, disse o diretor de Pesquisa para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos.
"Acho que tinha certa questão com o timing do anúncio, algumas pessoas estavam esperando que viesse daqui a alguns meses”, disse o chefe de pesquisa para mercados emergentes da Nomura, Tony Volpon.
Em janeiro, a S&P já havia informado que poderia rebaixar a nota da dívida pública do Brasil ainda neste ano, mesmo antes das eleições de outubro.
(Com Reuters)
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