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Neuromarketing desvenda cérebro do consumidor, mas ainda é pouco usado

Aiana Freitas

Do UOL, em São Paulo

19/05/2014 06h00

Entrar na mente do consumidor. Essa é a proposta do neuromarketing, uma ciência que tem por objetivo descobrir as reações que acontecem no cérebro quando uma pessoa é exposta a produtos, marcas e anúncios.

O assunto tem chamado a atenção de estudiosos do mundo todo, mas suas técnicas ainda são pouco usadas pelas empresas, segundo os especialistas que se reuniram no Neurobusiness Expo Forum, evento realizado em São Paulo entre sexta-feira (16) e domingo (18).

O objetivo do neuromarketing é ir além das tradicionais pesquisas de mercado, nas quais os consumidores simplesmente respondem a questionários.

Por meio de equipamentos que medem os batimentos cardíacos, captam o arrepio da pele e acompanham o movimento dos olhos, é possível perceber reações que, na maior parte das vezes, ficam escondidas sob as palavras.

"O estudo das emoções tem algo de intangível, que não pode ser medido por mapas e números. Muitas empresas têm medo disso, porque gerenciar emoções é difícil", diz o psicólogo português Fernando Rodrigues, especialista em ciências do consumo e CEO da ICN Agency, agência especializada no tema.

O fato de o tema ainda ser muito novo (começou a ser estudado a fundo no começo dos anos 2000) também faz com que seja desconhecido por muitas empresas, diz o neurocientista Alex Born.

"Esse tema é tão inovador que ainda é um mistério para muita gente. Até pouco tempo, não havia absolutamente nada sobre o assunto na internet."

Cérebro primitivo toma maioria das decisões

Durante o fórum, profissionais do mundo todo mostraram as técnicas que têm usado para descobrir como o consumidor toma decisões e teorias desenvolvidas a partir das conclusões de seus estudos.

"Temos o cérebro racional, que pensa, o médio, que sente, e o primitivo e instintivo, que toma a maioria das decisões. O que tentamos descobrir é como nos comunicar com essa parte primitiva do cérebro", disse o espanhol Antonio Mimbrero, sócio da Salesbrand, uma das primeiras agências de neuromarketing do mundo.

Segundo Mimbrero, a parte do cérebro responsável pela maioria das decisões tem algumas características que precisam ser levadas em conta por quem quer compreendê-la. É, portanto, o foco principal de agências como a dele, que prestam serviço a empresas de vários setores.

Uma das características do cérebro primitivo, diz Mimbrero, é que ele é totalmente autocentrado e egoísta. Uma empresa que, ao se comunicar com o consumidor, fala apenas de questões de mercado (ou seja, sobre ela mesma), por exemplo, não consegue atingir essa parte do cérebro.

"Mas, se ela mostrar que seu produto ou serviço pode deixar aquele consumidor melhor ou mais forte, ele vai se interessar."