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Conhecido por mansões, arquiteto Arthur Casas cria quitinetes de luxo em SP

Aiana Freitas

Do UOL, em São Paulo

18/06/2014 06h00

Conhecido por projetar grandes residências e estabelecimentos comerciais, como restaurantes e lojas, o arquiteto brasileiro Arthur Casas se propôs recentemente um novo desafio: criar quitinetes de luxo.

O escritório do arquiteto é responsável, entre outros projetos, pelos hotéis Elimiano, em São Paulo, e Grand Hyatt, no Rio de Janeiro. Criou, também, amplas casas para fins residenciais no Brasil e no exterior.

Por meio de uma parceria com a construtora Vitacon, o arquiteto criou o VN Ferreira Lobo, no bairro do Itaim, zona sul de São Paulo. O prédio tem 88 studios (como as construtoras chamam as quitinetes atualmente) com áreas de 28 m² a 103 m² e serviços típicos de hotel, como academia com equipamentos de última geração.

É a primeira vez que Casas se envolve em um projeto de metragem tão reduzida. Os apartamentos, com metro quadrado a R$ 17 mil (o que equivale a cerca de R$ 476 mil pelo imóvel de de 28 m²), foram todos vendidos em junho, antes mesmo do lançamento. A entrega está prevista para o final de 2016.

"Nosso escritório tem um DNA de luxo, ligado ao altíssimo padrão. Fazer um produto compacto com visão de alto padrão foi delicado", afirma Arthur Casas, cujo escritório tem uma filial em Nova York, nos Estados Unidos.

Janelas grandes e funcionalidade

Para passar o conceito de qualidade associado ao mercado de luxo, Casas diz que os apartamentos terão janelas grandes e o mínimo possível de subdivisões, o que dá a sensação de espaço mais amplo. As unidades serão entregues, também, com sistema para automação de equipamentos domésticos --que poderão ser acessados por computador.

"Tanto em um projeto de 1.000 m² como num de 20 m², gosto que as coisas sejam essenciais. Acredito que a tendência das pessoas é morar em espaços menores no futuro", diz. 

O arquiteto trabalha, atualmente, em mais três projetos com a Vitacon, construtora que se especializou em imóveis compactos. "Acreditamos que a concepção de luxo não está, necessariamente, vinculada ao tamanho", diz o CEO da construtora, Alexandre Lafer Frankel.

A aposta de empresas como a Vitacon é de que existe um público de alto poder aquisitivo que quer morar perto do local de trabalho, busca praticidade e não associa luxo a espaço. É nesse tipo de cliente, também, que a incorporadora americana Related Group investiu ao lançar, em São Paulo, unidades de 36 m² a R$ 650 mil.

Público formado por executivos e investidores

Por mais estranho que possa parecer, existe uma lógica no fato de pessoas de renda altíssima estarem dispostas a gastar fortunas com imóveis que mais parecem casas de boneca.

Boa parte desse público é formada por executivos e jovens que moram no interior e querem ter uma "base" na capital, diz Eduardo Lima, proprietário da empresa Negociação Personalizada de Imóveis (NPi).

Mas muitos são, também, investidores, pessoas que sabem que poderão cobrar um valor alto de aluguel por esses imóveis no futuro. "Os imóveis compactos são muito rentáveis para as construtoras e também para os investidores", afirma Lima. Segundo ele, numa futura locação, o dono chega a conseguir cobrar 1,5% do valor do imóvel por mês, enquanto a média de mercado não costuma passar de 1%.

Silvio Passarelli, diretor da FAAP (Faculdade de Artes Plásticas da Fundação Armando Alvares Penteado) e especialista em luxo, diz que tamanho não tem sido um fator tão relacionado assim ao assunto. "O conceito de luxo seguramente é mais amplo do que isso. Para um imóvel ser considerado de luxo, ele precisa ter alguns requisitos que muitos desses apartamentos compactos possuem", diz.

Ele cita como exemplo a localização privilegiada. "Estou falando de boa localização mesmo, não de um prédio vendido no Campo Belo como se fosse 'Moema nobre', porque esse truque não funciona nesse tipo de mercado."

Outro fator fundamental é o acabamento. "O projeto precisa ser altamente diferenciado, com pé direito maior do que a média, paredes maciças e janelas com vidros duplos para proporcionar conforto acústico, por exemplo. A área comum geralmente é de muito bom gosto, o que os profissionais envolvidos nesse tipo de projeto costumam garantir."