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Juros ficam em 11% pelo 3º mês seguido, mesmo com inflação fora da meta

Do UOL, em São Paulo

16/07/2014 20h11Atualizada em 17/07/2014 10h43

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, manteve a taxa básica de juros (Selic) em 11% ao ano. A decisão foi unânime. Segundo o Copom, a manutenção foi decidida para "este momento", após avaliação do "cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação".

É a terceira reunião seguida do Copom em que os juros ficam nesse nível. Em abril, o BC subiu os juros de 10,75% para 11%. Em maio e agora, ficaram na mesma. Até abril, os juros vinham subindo numa série de nove altas seguidas, desde abril de 2013. 

A manutenção dos juros, esperada pelos analistas, foi decidida mesmo com a inflação em alta. O IBGE divulgou no começo do mês que a inflação em junho estourou o limite máximo estipulado pelo governo, atingindo 6,52% no acumulado de um ano (a meta anual é 4,5%, com margem de dois pontos percentuais para baixo ou para cima: ou seja, pode ir de 2,5% a 6,5%).

A Selic é uma taxa de referência para o mercado e remunera investimentos com títulos públicos, por exemplo. Não representa os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos. Segundo o Procon, os juros do cheque especial em julho estão em média em 186,67% ao ano. Mas a Selic influi nos juros cobrados do clientes final.

Essa taxa básica é usada para tentar controlar a inflação. Em tese, com juros altos, pessoas e empresas fazem menos dívidas e consomem menos, o que segura a alta de preços. Com juros menores, há mais consumo, segundo a teoria.

Em comunicado, o BC informou que "avaliando a evolução do cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, neste momento, manter a taxa Selic em 11% ao ano, sem viés". Essa foi uma repetição do texto da reunião anterior, em maio. Sem viés significa que o BC não indica nem tendência de alta nem de baixa para a próxima reunião.

A poupança continua rendendo com seu potencial máximo. Uma nova regra de 2012 estabelece que ela renda menos quando a Selic estiver igual ou inferior a 8,5% ao ano. Nesse caso, a poupança daria 70% da Selic mais a TR. Como está acima disso, o rendimento é o tradicional: 6,17% ao ano mais a TR.

Taxa de juros é ferramenta para tentar combater inflação

A Selic é usada pelo BC para tentar controlar o consumo e a inflação, ou estimular a economia. Analistas já esperavam uma alta da taxa de juros para combater a alta de preços, que tem preocupado o governo.

Quando os juros sobem, as pessoas tendem a gastar menos e isso faz o preço das mercadorias cair, controlando a inflação, em tese. Por outro lado, juros altos seguram a economia e fazem o PIB (Produto Interno Bruto) ficar baixo.

Se os juros estão elevados, as empresas investem menos, porque fica caro tomar empréstimos para produção, e as pessoas também reduzem seus gastos, porque o crediário fica mais alto. Essa situação deixa a economia com menos força. O lado bom é que investimentos baseados em juros são beneficiados e rendem mais para o aplicador.

Por outro lado, com juros mais baixos, há mais consumo e mais risco de inflação, porque as pessoas compram mais e nem sempre a indústria consegue produzir o suficiente. Quando há falta de produtos, a tendência é que eles fiquem mais caros.

A taxa básica de juros orienta o restante da economia, mas há pouco impacto na vida prática de quem precisa usar o cheque especial ou cartão de crédito. Analistas dizem que essas taxas são tão altas que pequenas variações na Selic são incapazes de aliviar ou pesar no bolso no dia a dia.

Entenda o Copom

O Copom foi instituído em junho de 1996 para estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa de juros, mas a Selic já era usada como indicador desde 1986.

As reuniões do Copom ocorrem a cada 45 dias em Brasília.

O colegiado é composto pelo presidente do Banco Central e os diretores de Administração, Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos, Fiscalização, Organização do Sistema Financeiro e Controle de Operações do Crédito Rural, Política Econômica, Política Monetária, Regulação do Sistema Financeiro, e Relacionamento Institucional e Cidadania.

(Com agências de notícias)