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Aéreas refletem sobre futuro da 1ª classe após sucesso de camas executivas

Kari Lundgren, Deena Kamel Yousef e Richard Weiss

Da Bloomberg

27/08/2014 17h05Atualizada em 27/08/2014 17h45

27 de agosto (Bloomberg) -- As principais companhias aéreas do mundo estão questionando a necessidade de manter cabines de primeira classe em um momento em que os assentos cama, ou flat-bed, dão aos clientes corporativos um conforto antes inimaginável e tornam mais difícil de justificar o valor mais alto pago pelos assentos das primeiras fileiras do avião.

Com as camas executivas totalmente reclináveis introduzidas neste ano pela Air France-KLM Group, as cabines corporativas das principais operadoras da Europa, da Ásia e do Oriente Médio agora oferecem uma experiência comparável com aquela disponibilizada em primeira classe há quase duas décadas.

Entre as aéreas que veem uma demanda limitada por assentos de luxo estão a American Airlines, que os está removendo de cerca de 50 jatos, a Deutsche Lufthansa AG, que está gastando 1 bilhão de euros (US$ 1,3 bilhão) para melhorar a classe executiva e cortar em 30 por cento a capacidade da primeira classe, e até a Qatar Airways Ltd., a empresa aérea de alto padrão do Golfo.

Outras estão sendo mais ousadas, como a Etihad Airways PJSC, de Abu Dhabi, que está adicionando suítes privadas estilizadas chamadas de “A Residência”, com uma cama de casal, sala de estar e chuveiro por US$ 20 mil o trecho para Londres.

Empresas seguem os passos da Virgin, do bilionário Richard Branson

“A economia pós-recessão está bastante consciente do custo das viagens e as companhias aéreas só colocarão primeira classe em um avião nos lugares onde ela se justificar economicamente”, disse Henry Harteveldt, fundador da Atmosphere Research Group, uma firma de assessoria de viagens.

As companhias aéreas que estão estudando o futuro das viagens de primeira classe estão seguindo os passos da Virgin Atlantic Airways Ltd., do bilionário Richard Branson, do Reino Unido, que abandonou o tradicional plano com três classes de assentos nas viagens de longo curso nos anos 1980.

A australiana Qantas Airways Ltd. abriu o caminho ao reduzir sua oferta de passagens de primeira classe em 2010, após a crise de crédito e a recessão global, com o CEO Alan Joyce dizendo à época que o produto estava em um “declínio de longo prazo”. Os assentos de luxo foram mantidos apenas em 12 superjumbos A380 da Airbus Group NV e em três aviões 747 da Boeing Co., que operam rotas especiais como Sydney-Londres.

American Airlines tira primeira classe de 47 aviões

Segundo o anúncio feito em 20 de agosto, a American Airlines, que tem sede em Fort Worth, Texas, retirará a primeira classe de 47 aviões Boeing 777-200, limitando a oferta de assentos de alto padrão aos seus 14 jatos 777-300ER e a mais um grupo de aeronaves de fuselagem estreita Airbus A321T usadas nas rotas entre a Califórnia e Nova York.

Na Europa, onde a primeira classe normalmente vem sendo um dos pilares dos serviços de longa distância, a Lufthansa está retirando esse serviço de 31 aviões. Em 2015 será concluída uma atualização dos jatos que manterão os assentos, com a conservação de um layout de plano aberto, preferido pela companhia em detrimento das cabines individuais.

Na contramão, Emirates aposta no luxo da 1ª classe e em quartos fechados

Algumas das principais companhias do Oriente Médio continuam convencidas a respeito do futuro da primeira classe. A Emirates, que tem sede em Dubai e é a aérea número 1 em rotas internacionais, oferece cerca de 1.500 assentos, nos quais investiu US$ 750 milhões, ou um total de US$ 500.000 para cada.

A demanda pelos 14 assentos de primeira classe de cada um dos jatos A380 da empresa superou a de todas as outras cabines no ano passado, disse o diretor comercial Thierry Antinori em maio. A Emirates também está desenvolvendo um novo “conceito de quarto” para seus superjumbos e jatos 777, oferecendo quartos fechados que, segundo e-mail do CEO Tim Clark, levaria o alto padrão nos voos “para um nível acima”.

Para as companhias aéreas do Golfo, a opulência da primeira classe pode ter muito a ver com o fato de isso projetar a imagem de seu país de origem na venda de assentos.

“Você está praticamente promovendo um país”, disse Nigel Goode, diretor da Priestmangoode em Londres, que desenvolveu interiores de aviões para clientes como Lufthansa, Malaysia Airline System Bhd. e Qatar Air. “Trata-se de uma porta de entrada que ajuda os visitantes a formarem uma impressão a respeito do país antes de desembarcarem”.