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Jornal inglês usa David Luiz chorando no 7x1 para criticar economia do país

8.jul.2014 - David Luiz, zagueiro da seleção brasileira, chora na semifinal da Copa do Mundo de 2014, quando o Brasil perdeu de 7 a 1 para a Alemanha - Eddie Keogh/Reuters
8.jul.2014 - David Luiz, zagueiro da seleção brasileira, chora na semifinal da Copa do Mundo de 2014, quando o Brasil perdeu de 7 a 1 para a Alemanha Imagem: Eddie Keogh/Reuters

Do UOL, em São Paulo

06/03/2015 14h22

O jornal inglês “The Guardian” comparou nesta sexta-feira (6) a economia do Brasil ao desempenho do zagueiro da seleção brasileira David Luiz. O artigo é aberto com uma foto do jogador chorando na semifinal da Copa do Mundo de 2014, quando o Brasil perdeu de 7 a 1 para a Alemanha. David Luiz foi o capitão da seleção naquele jogo. 

“Quanto mais você olha para os fundamentos brasileiros, mais instável o país parece. E não estamos falando da proeza defensiva de David Luiz. É a zaga da economia brasileira que corre o risco de desmoronar como uma fileira de dominós”, começa o texto.

O caso de corrupção na Petrobras é citado como um dos problemas do país. "Até a presidente Dilma reconhece que o escândalo pode mudar o país para sempre".

"A preocupação é que o Brasil termine empacado num ponto em que manobras fiscais seja incapazes de tirar o país da bagunça em que está. As rodas se movem, mas nada vai na direção certa, e o país pode naufragar", diz o texto.

Segundo o "Guardian", é difícil prever o que causará a queda da primeira peça de dominó, mas quando começarem a cair é difícil de segurar. "Perguntem ao Davi Luiz", diz o texto, numa referência à goleada da Alemanha.

Inflação é outro ponto ruim

A análise cita a inflação como um bom indicador para entender uma economia latino-americana que está “em apuros”, já que países como Argentina, Peru, México e mesmo o Brasil já passaram por uma hiperinflação.

A crítica vem no dia da divulgação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) -taxa usada como referência para medir a inflação- de fevereiro. Considerando o período de 12 meses (de março de 2014 a fevereiro de 2015), a inflação acumulada foi de 7,7%, a maior desde maio de 2005.

O artigo diz que mesmo que os números não estejam nem perto da situação do início da década de 1990, quando a inflação chegou a passar de 2.000% ao ano, eles estão fora da meta do governo. O objetivo é manter a inflação em 4,5% ao ano, com tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos --ou seja, ela pode variar entre 2,5% e 6,5%.

De acordo com a análise, esses números são ainda mais problemáticos para um país em que as taxas de juros estão subindo e cuja economia está “à beira de uma recessão”.

Inflação e juros altos levam as pessoas a comprar menos, o que significa menos crescimento econômico.

Essa situação é chamada pelos economistas de “estagflação”, uma combinação de baixo crescimento e alta inflação. Isso é atípico, pois uma economia com alta inflação deveria estar crescendo. 

O jornal cita ainda que "oficialmente" a dívida pública do Brasil é de 65% do PIB (Produto Interno Bruto), mas a agência de classificação de risco Moody's estima que chegue a 100%, considerando a dívida indireta, causada por garantias a empresas estatais.