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Para frear ataques, bancos reduzem dinheiro e horário de caixas eletrônicos

Marcelo Gonçalves/Sigmapress/Estadão Conteúdo
Imagem: Marcelo Gonçalves/Sigmapress/Estadão Conteúdo

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió (AL)

31/05/2015 06h00

Para tentar reduzir os prejuízos e inibir os ataques a caixas eletrônicos, os bancos brasileiros passaram a reduzir o dinheiro disponível e o horário de funcionamento em muitos locais do país.

O motivo é a onda de ataques aos caixas. São quase nove ocorrências diárias registradas em média no Brasil.

No Brasil, existem 159 mil caixas eletrônicos espalhados em todos os Estados. Por ano, os bancos dizem investir R$ 9 bilhões em segurança.

Mesmo assim, em 2014, 2% dos caixas foram atacados, quando houve o maior número de ocorrências na década até agora: 3.150, segundo a Contraf (Confederação Nacional dos Trabalhadores de Ramo Financeiro). São Paulo liderou as ocorrências de assaltos e arrombamentos, com 736 casos.

  • Ataques a bancos
  • 2011- 1.612
  • 2012 - 2.530
  • 2013 - 2.944
  • 2014 - 3.150
  • Fonte: Contraf/CUT

Bancos confirmam as providências, mas não informam detalhes: em quanto reduziram os valores ou os horários.

Em maio, os vereadores de Curimatá, no interior do Piauí, discutiram a redução de dinheiro recebido pelo Banco do Brasil na cidade e aprovaram uma lei para que a prefeitura pague hora extra aos policiais para fazerem segurança em suas folgas.

No norte da Bahia, o gerente da agência do Banco do Brasil da cidade de Sento Sé teve de ir à Câmara explicar redução no horário de funcionamento do autoatendimento. O Estado teve 93 ocorrências em caixas só neste ano.

Bancos falam sobre as medidas

O UOL consultou os cinco maiores bancos do país sobre a redução de dinheiro e horário.

A Caixa confirmou ao UOL que adotou medidas de prevenção, “dentre elas a redução de valores nas agências e caixas eletrônicos.”

Por considerar medida estratégica, o banco não divulgou os limites disponibilizados, nem as localidades. A Caixa informou que não reduziu o horário de atendimento nem removeu caixas eletrônicos.

O Banco do Brasil informou que as medias de segurança, como redução de dinheiro e de horário do autoatendimento, são tomadas de forma específica “de acordo com a realidade de cada praça em que atua.”

Segundo o banco, a retirada de terminais é "parte do acordo com a TecBan para a instalação e o compartilhamento de 30 mil terminais de autoatendimento até 2020, em que se prevê a substituição gradativa dos terminais dos bancos signatários por terminais da rede Banco24Horas".

O Santander não deu detalhes sobre as medidas e se limitou a informar que investe “de forma recorrente em ações integradas, em todas as suas regiões de presença, com foco na segurança de funcionários, clientes e de seu patrimônio” e que que cumpre as determinações do plano de segurança.

Itaú e Bradesco não comentaram o tema.

"Extrema preocupação" da Febraban

A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) diz que os ataques a caixas eletrônicos estão sendo acompanhados com “extrema preocupação” e “lamenta que a situação tenha chegado ao ponto de a população ser privada de um serviço dessa importância.”

Segundo a Febraban, faltam leis que protejam mais clientes, funcionários e instituições. “A ação de segurança permitida pela legislação aos estabelecimentos comerciais e bancos é insuficiente frente à violência empregada. O combate desse tipo de crime exige um conjunto de ações no âmbito da segurança pública, com as quais a Febraban e os bancos associados estão comprometidos em dar sua contribuição”.

Para a federação, os dispositivos de segurança instalados nos terminais, como aqueles que danificam as cédulas, são insuficientes para desestimular os ataques a caixas automáticos.

“Os bancos investem constantemente em tecnologia e outras formas para aperfeiçoar seus mecanismos de segurança. A Febraban também mantêm reuniões com órgãos das Polícias Civil, Militar e Federal e do Exército para a identificação e prisão dos arrombadores. Somente com ações policiais coordenadas, esse tipo de crise poderá ser combatido”, afirma.