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De BNDES a candidatura, veja principais pontos da entrevista de Eike à TV

Maria Carolina Abe

Do UOL, em São Paulo

08/06/2015 11h54Atualizada em 25/06/2015 11h52

O empresário Eike Batista falou pela primeira vez na televisão sobre o fim de seu império e sobre os processos que responde na Justiça. Ele foi o entrevistado de sexta-feira (5) no programa "Mariana Godoy Entrevista", da RedeTV!. Veja os principais assuntos abordados na entrevista:

Empréstimo do BNDES

"Eu estou aqui porque na segunda-feira eu paguei a última dívida que eu tinha com o BNDES", disse. "Tem muita gente mal informada fica repetindo que eu devo R$ 10,2 bi ao BNDES. Parem com isso, eu não devo nada ao BNDES. A vocês contribuintes, I’m sorry [me desculpem], eu não devo nada."

Segundo ele, o banco público tinha risco zero ao emprestar dinheiro às empresas do grupo X, pois os projetos tinham sido auditados por bancos privados, que tinham o patrimônio dele como aval. "O BNDES foi um repassador de um dinheiro que foi assegurado por todos os bancos privados", disse.

'O BNDES ganhou comigo', afirma Eike Batista

Pequenos investidores

O jornalista Mauro Tagliaferri selecionou perguntas do Twitter enviadas através da hashtag #MarianaGodoyEntrevista. Ele leu a questão enviada pelo telespectador Cesar Augusto: "O que o senhor teria a dizer aos investidores, principalmente aos pequenos investidores, que perderam suas economias?". 

"Ele apostou comigo que a gente podia ganhar talvez cinco vezes, dez vezes o dinheiro que a gente investiu", disse. "Eu fracassei e perdemos, só que perdemos juntos, mas o maior perdedor fui eu", disse Eike. "Eu ainda não vendi as minha ações, eu estou na mesma posição que o acionista."

Mariana Godoy perguntou se ele é como o capitão de um navio, que ficou lá enquanto a embarcação afundava. Eike respondeu: "Perfeito! Fiquei lá até o final, estou lá até hoje."

Eike Batista: 'Maior perdedor nessa história fui eu'

Voltar à Bolsa

O executivo disse que não pretende mais levar empresas à Bolsa de Valores, a menos que crie "algo muito especial, muito grande" e que as pessoas peçam para ele fazer isso.

Candidatura política

Mariana Godoy perguntou: "Você já pensou em ser candidato a algum cargo político?". Eike respondeu: "Quem sabe. I don't know [eu não sei]. Até hoje eu sempre servi o Brasil trazendo novos projetos, e eu tenho uma leva de novos projetos". Ele não quis falar quais são os negócios em estudo.

'Quem sabe?', diz Eike Batista sobre candidatura

Partido político

"Eu sou um empresário do Brasil. Meu pai sempre nos ensinou a ser apolítico. Eu tenho negócios no Ceará, que é do Cid Gomes. Em Minas Gerais, do Anastasia, e antes dele era o senador Aécio. Eu tenho negócios em todos os Estados. Então, eu tenho que ter algum partido?", afirmou.

Fracasso

"Nos EUA, não é vergonha você fracassar. A vergonha é você não negociar de peito aberto, e isso eu fiz", disse. "Eu decidi que vou acertar a conta com todo mundo o mais rápido possível."

Bens apreendidos

"Se você tem a consciência de que fez a coisa certa e está falando a verdade… Foi um choque, mas tivemos consciência de que a justiça seria feita, e foi. Rapidamente a injustiça foi corrigida e tivemos nossos bens de volta". Sobre o fato de o juiz Flavio Roberto de Souza ter sido flagrado dirigindo o carro de luxo apreendido do empresário, disse que se sentiu "violentado". 

Eike sobre uso de bens por juiz: 'Me senti violentado'

Patrimônio atual

A jornalista perguntou: "Você ficou pobre?". Eike respondeu: "Olha, eu criei uma fortuna excepcional num período curto, porque eu sei criar esses negócios". Em outro momento, afirmou: "Eike Batista zerou as dívidas. Eu agora tenho algum patrimônio para recomeçar", disse. Perguntado sobre o tamanho desse patrimônio, limitou-se a responder: "O suficiente".

Ajuda do pai

Eike negou que tenha recebido um "mapa do tesouro" de seu pai, Eliezer Batista, ex-presidente da companhia Vale do Rio Doce, na época em que começou a explorar ouro. "Ele (Eliezer) nunca deixou ninguém chegar nem 10 quilômetros perto da empresa principal, muito menos das subsidiárias", disse.

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Imagem: Fernanda Simão/RedeTV!

Falar demais

Se arrependeu de ter falado demais?, perguntou a jornalista. "Não, não me arrependi, não", disse Eike. Depois, afirmou: "Eu vou agora anunciar depois de entregar. Acho que todo empresário tem que enxergar um futuro, ser otimista. O pessimista não faz nada, fica em casa no sofá."

Ex-funcionários

Sobre as críticas enfrentadas, disse que se importa com as recebidas de alguns ex-funcionários. "Talvez uns mais de 100 executivos que trabalharam comigo, a crítica que vem deles não é saudável", disse. O empresário deu a entender que esses executivos seriam "ingratos", pois ganharam muito dinheiro com ele: "Devia ter um santinho meu na casa deles, e todo dia de manhã dar um beijinho nele."

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Imagem: Fernanda Simão/RedeTV!

Devedores

Mariana Godoy quis saber se alguém tem dívidas com Eike, mas o empresário se esquivou: "Ainda não pensei nisso".

Projetos PowerPoint

Questionado sobre a qualidade dos projetos brasileiro, Eike disse: "Eu não gosto de fazer puxadinho. Puxadinho me irrita, pois acho que o Brasil tem muito isso. Tudo que se constrói dura um ano. O Brasil tem que se redesenhar nisso, as pessoas tem que ser responsáveis 10 anos pelo o que se faz. O projeto que se faz para durar 200 anos é o projeto que eu faço. Meus projetos não são 'PowerPoint'”, disse, referindo-se às críticas de que seria melhor vendedor do que realizador.

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Imagem: Fernanda Simão/RedeTV!

Porto em Cuba

"Acho que o Brasil foi feliz de financiar um porto antes que os americanos chegassem. Cuba vai bombar, né?", disse o empresário, referindo-se aos recursos do BNDES repassados para a Odebrecht construir um porto na ilha. "Mariel é um puxadinho em relação ao Açú", afirmou, citando o porto idealizado por ele, construído em São João da Barra (RJ).

Sair do Brasil

Perguntado se deixaria o Brasil para ir viver em Miami, respondeu: "Daqui eu não saio, não. Thor e Olin são apaixonados pelo Brasil. O Balder ainda não sabe, mas ele vai ser", afirmou, referindo-se aos filhos.

Assista à íntegra da entrevista de Eike Batista