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Gaúcho cria máquina de chimarrão expresso e quer lançar no mercado em 2016

Flávio Ilha

Colaboração para o UOL, em Esteio (RS)

03/09/2015 06h00Atualizada em 09/09/2015 20h48

Quem teve a ideia, claro, foi um gaúcho. Danino Heinen passeava por um shopping de Porto Alegre quando sentiu falta de erva; pensou que seria bom se houvesse uma máquina para fornecer a matéria-prima exata para uma roda de mate, como aquelas que vendem refrigerante, café ou salgadinho em locais públicos. Assim nasceu o chimarrão expresso.

"É muito difícil encontrar erva-mate em locais públicos e, quando tem, só em embalagem de um quilo, que não é prática para quem está na rua. Foi daí que surgiu a ideia de desenvolver o equipamento", explica Heinen. Além de consumidor de chimarrão, ele é gerente de Marketing da produtora de erva-mate Elacy.

O equipamento foi desenvolvido pela Gemini Equipamentos e Automação Industrial, empresa da cidade de Venâncio Aires, a 134 quilômetros de Porto Alegre e considerada a capital do chimarrão. 

O único protótipo do invento está sendo testado na Expointer, feira agropecuária que acontece até domingo (6) em Esteio, na região metropolitana de Porto Alegre. 

A estimativa da fabricante é que a máquina comece a ser vista em shoppings, rodoviárias e faculdades do Rio Grande do Sul a partir de janeiro de 2016.

Funciona com moedas

O funcionamento é semelhante ao de outras máquinas de venda: o cliente insere moedas de R$ 0,10, R$ 0,25, R$ 0,50 ou R$ 1 e o equipamento libera um sachê de erva-mate.

O formato desenvolvido pela Gemini trabalha com embalagens de 200 gramas --o suficiente para duas rodas de chimarrão, dependendo do tamanho da cuia. Cada uma custa R$ 2. 

Por mais R$ 0,10, o chimarrão expresso libera água quente por um período de 90 segundos para abastecer as garrafas térmicas. A água é servida a 72ºC, considerada a temperatura ideal para o chimarrão.

No display há espaço para quatro tipos de erva, que podem ser da mesma marca ou de características diferentes --mais fortes ou mais suaves, por exemplo. A capacidade da máquina é de 80 pacotes, num total de 16 quilos. 

Promover o consumo de erva no RS

A máquina de mate autosserviço foi adotada pelo Sindicato das Indústrias Ervateiras do Rio Grande do Sul (Sindimate).

Para as produtoras, a invenção ajuda a promover o consumo de erva no Estado --em queda há dois anos, desde que o preço final ao consumidor teve aumento médio de 50%.

O Rio Grande do Sul consome anualmente 80 milhões de quilos de erva-mate, o que dá quase 10 quilos por habitante. Apenas 48% desse volume, entretanto, é produzido no Estado. Mais da metade da matéria-prima do chimarrão dos gaúchos vem de Santa Catarina e do Paraná.

Melhorias a caminho

O protótipo do chimarrão expresso custou R$ 9.550 e foi desenvolvido em cerca de 45 dias. A fabricação começou logo após a Copa do Mundo no Brasil, quando a ervateira Elacy notou uma maior procura por quantidades menores de erva do que as versões comerciais. 

Depois de vários ajustes, o display começou a ser testado, em março deste ano, em pequenos eventos na região de Venâncio Aires.

chimarrão expresso - Divulgação - Divulgação
Louvânio Vaz, diretor da empresa gaúcha Gemini, ao lado da máquina
Imagem: Divulgação

"A partir de uma produção comercial, esperamos reduzir o preço de cada display em cerca de 30%, o que significa R$ 7.000 para o consumidor final. Ainda é um investimento caro para as ervateiras, especialmente nessa época de crise, mas já percebemos que há demanda. Prospectamos dez empresas interessadas, com encomendas já encaminhadas", informou o diretor da Gemini, Louvânio Vaz.

A empresa também estuda a possibilidade de alugar máquinas para exploração comercial.

Segundo Vaz, ainda há ajustes a fazer. Por exemplo, aumentar a capacidade de água quente (no modelo atual é de 12 litros) e desenvolver outros tamanhos de embalagens (50g ou 100g) para cuias menores.