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Conhaque em garrafa de cristal e ouro é vendido em SP por R$ 3.500 a dose

Aiana Freitas

Colaboração para o UOL, em São Paulo

28/10/2015 06h00

Bebidas com centenas de anos de tradição, vendidas em garrafas de cristal e cujas doses custam até R$ 3.450. Essas são as apostas do grupo francês Rémy Cointreau para crescer no Brasil.

A empresa está desembolsando R$ 2,6 milhões para divulgar no país seus conhaques e uísques single malt (compostos por um único malte, diferentemente da maioria, que é feita de uma mistura de maltes).

São produtos de luxo, desconhecidos da maioria dos consumidores e destinados a um público restrito, de altíssima renda. Apesar disso, a expectativa da empresa é de um crescimento de 10% nas vendas neste ano. O faturamento do ano passado não foi divulgado.

Uísque e conhaque para público AAA

Entre os produtos que a Rémy Cointreau trouxe para o país, está uma edição especial do conhaque Louis XIII, chamada de Black Pearl. A garrafa é feita de cristal Baccarat, titânio, carbono e ouro. Apenas uma garrafa veio para o Brasil. Está no hotel Unique, em São Paulo, e cada dose da bebida custa R$ 3.450.

Outra edição especial do Louis XIII, a Le Jeroboam, está à venda em São Paulo, no bar Número, a doses que saem por R$ 1.500. Apenas 200 garrafas desse conhaque foram produzidas. A empresa também vai vender no Brasil, até o fim do ano, o uísque single malt Bruichladdich (cuja garrafa sairá por R$ 500), e o gim The Botanist (R$ 360).

Para atrair o consumidor brasileiro de classe AAA, a empresa, primeiro, trabalha para tornar seus produtos mais conhecidos.

"O consumidor precisa conhecer o conhaque para consumi-lo, porque é uma bebida mais elaborada. A mesma coisa acontece com o uísque single malt, que é procurado por quem quer um uísque mais defumado, mais apimentado, que perdura mais tempo na boca, que tem paladar e aroma mais forte", diz Bruno Trevisan, principal executivo da empresa no país.

Mesmo potencial do vinho e da vodca

O executivo acredita que as bebidas de luxo da Rémy Cointreau têm potencial para percorrer o mesmo caminho já feito pela vodca e pelo vinho.

"Há 15 anos, havia poucas opções de vodca no Brasil; hoje, já existe consumo de vodca ultrapremium, porque o consumidor passou a conhecer as características do produto e houve muito investimento da indústria. Com o vinho, aconteceu a mesma coisa", diz.

A estratégia da Rémy Cointreau tem sido fazer divulgações em empórios e delicatessens, além de promover treinamentos de profissionais de bares e restaurantes que lidam com seus produtos.

"Em períodos de crescimento da economia, todas as marcas premium fazem investimentos, e o consumidor acaba ficando confuso. Num período como o de agora, muitas empresas seguram os investimentos, o que nos oferece oportunidades. É mais fácil chamar a atenção do consumidor e fazer com que ele entenda o que são as nossas marcas", diz Trevisan.

Além do menor investimento das concorrentes, a empresa conta ainda com outra vantagem: está praticamente sozinha nas categorias de produto em que vem investindo.

A Diageo, dona do Johnnie Walker, entre outros rótulos, vende, no Brasil, apenas uma marca de uísque silgle malt (Cardhu, cuja garrafa custa R$ 258), e não oferece conhaque no país. A Brown-Forman, dona de marcas como Jack Daniel's, não tem produtos dentro dessas categorias no mercado brasileiro.