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Entenda o que causou a crise financeira de 2008

Do UOL, em São Paulo

27/02/2016 06h00

O crédito fácil e a disseminação de um investimento "podre" pelo mundo todo estão na raiz da crise financeira de 2008. 

Por volta de 1998, os bancos dos Estados Unidos começaram a emprestar dinheiro a muita gente que não tinha como pagar.

Mesmo quem estava desempregado e não tinha renda nem patrimônio conseguia ser aprovado pelo banco para receber um financiamento. E poderia dar a própria casa como garantia para vários empréstimos.

Esse tipo de crédito era conhecido como “subprime” (de segunda linha). O volume de financiamentos desse tipo era gigantesco.

CDOs e calote

Os bancos passaram, então, a misturar essa dívida de alto risco (pouca chance de ser paga) com dívidas de baixo risco (de clientes com bom histórico de pagamento) e montar vários pacotes, as chamados CDO (obrigações de dívida com garantia, em tradução livre).

Eles vendiam as CDOs para investidores do mundo todo, sobretudo na Europa. Quando os norte-americanos que tomaram os empréstimos pagassem o valor devido, o dinheiro iria para quem comprou a CDO, com juros. 

Os compradores eram levados a acreditar que estavam fazendo um ótimo negócio, porque os juros eram altos. 

Eles não sabiam exatamente que tipo de dívida havia dentro da CDO que estavam comprando, mas as agências de classificação de risco (Standard & Poor’s, Fitch e Moody’s), depois criticadas por seu papel na crise, garantiam que eram investimentos de alta qualidade.

O problema é que os devedores não pagaram suas dívidas. Como essas dívidas estavam nas mãos de bancos e fundos de investimentos do mundo todo, houve um efeito dominó no mercado.

Segunda-feira negra

Em 15 setembro de 2008, marco da crise, um dos bancos de investimentos mais tradicionais dos Estados Unidos, o Lehman Brothers, foi à falência, e as Bolsas do mundo todo despencaram. A data ficou conhecida como segunda-feira negra. 

Em seguida, outros bancos anunciam perdas bilionárias. Foram meses de muita instabilidade no mercado. 

Para tentar evitar quebradeiras em série, governos de vários países anunciam planos de socorro à economia, injetando bilhões em bancos.

Recessão e desemprego

Mesmo assim, a crise não ficou só no setor financeiro.

Os Estados Unidos e outros países, incluindo o Brasil, entraram em recessão. O desemprego disparou, sobretudo entre os mais jovens, e muitas empresas faliram. 

Os efeitos da crise de 2008 foram sentidos no mundo todo durante anos. Até hoje, oito anos depois, o nível de emprego em vários países não retornou aos patamares anteriores ao colapso.