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Roupa, sapato e eletrodoméstico são os vilões dos endividados, diz pesquisa

Getty Images
Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

24/08/2016 15h41Atualizada em 24/08/2016 19h03

Não é só o desemprego que tem deixado brasileiros ficarem com o nome sujo na praça. Maus hábitos de consumo também têm pesado na conta. Os produtos e serviços que mais transformaram consumidores em devedores foram: roupas (45%), sapatos (25,8%) e eletrodomésticos (17,4%).

Os dados são do estudo "Perfil do Inadimplente Brasileiro", feito pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). A pesquisa ouviu 602 pessoas entre 17 de junho e 13 de julho. A margem de erro é de 4 pontos percentuais, para um intervalo de confiança de 95%.

"(...) podemos afirmar que há certo desequilíbrio por parte do consumidor. Embora alguns destes itens possam ser considerados de primeira necessidade, chegar à inadimplência por causa disso sugere que houve exagero ou falta de planejamento nas compras", afirma o educador financeiro do SPC Brasil José Vignoli.

Primeira vez com nome sujo

Grande parte dos endividados ficou com o nome sujo pela primeira vez: são 71,4%. O nível é maior entre os homens (77,2%) que entre as mulheres (67%).

O estudo traçou o perfil do endividado:

  • 56,3% são do sexo feminino;
  • 64,1% têm idade entre 25 a 49 anos;
  • 58,8% têm ensino médio incompleto ou completo;
  • 92,2% são das classes C, D e E;
  • 33,9% são funcionários de empresas privadas e 28,4%, autônomos;
  • 15,9% estão desempregados, com uma média de nove meses nessa situação.

Sem boas perspectivas

A pesquisa mostra, ainda, que 46,5% dos inadimplentes não têm condições de pagar as dívidas em atraso nos próximos três meses. Só 20,6% dos entrevistados têm condições de quitar as dívidas integralmente nos próximos 90 dias.

Seis em cada dez entrevistados (61,2%) disseram que a situação financeira piorou em relação ao ano passado. Os motivos apontados para a piora foram endividamento (24,4%), desemprego (16,4%) e diminuição da renda (20,6%).

Os entrevistados acreditam que todas as dívidas em atraso serão pagas em média em 12 meses e 52,3% acreditam que sua situação financeira irá melhorar em um horizonte de seis meses.

Desemprego dificulta

Segundo o levantamento, a perda de emprego é o principal motivo para deixar de pagar as contas (28,2%), seguido por queda na renda (14,8%), falta de controle financeiro e de planejamento no orçamento (9,6%) e o empréstimo do nome para compras feitas por terceiros (9,3%).

Entre os mais velhos, emprestar o nome foi a causa do endividamento em 30% dos casos.

Aluguel, plano de saúde e condomínio em dia

A pesquisa mapeou também quais são as principais contas dos brasileiros e suas dívidas. As principais contas em dia são o aluguel (94,9%), o plano de saúde (91,8%) e o condomínio (91,3%).

As principais contas em atraso são relacionadas a serviços de crédito como empréstimo em bancos ou financeiras (89,6%), parcelas do cartão de loja (83,9%), cartão de crédito (74,9%) e contas de crediário e carnês (68,7%). No geral, todas essas pendências em atraso estão nessa situação há mais de um ano.

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