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De mais rico do país a alvo da Lava Jato, Eike acumula problemas na Justiça

Do UOL, em São Paulo

22/09/2016 12h42

Ex-mais rico do Brasil, o empresário Eike Batista voltou ao noticiário nesta quinta-feira (22), durante nova fase da operação Lava Jato. Nela, a Polícia Federal prendeu temporariamente o  ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, mas o juiz federal Sérgio Moro revogou o pedido de prisão horas depois. O nome da operação, Arquivo X, é uma referência ao grupo empresarial de Eike Batista, que tem como marca o "X" nos nomes de suas companhias.

A força-tarefa da Lava Jato diz que Eike não é um alvo específico da Lava Jato, mas é investigado na operação

Segundo o Ministério Público Federal do Paraná (MPF-PR), o empresário declarou espontaneamente ter recebido pedido de Mantega para pagar R$ 5 milhões ao PT em 2012. Na época, Eike era presidente do conselho de administração de uma das suas empresas, a OSX, e diz ter pago US$ 2,35 milhões ao partido.

O procurador Carlos Fernando dos Santos afirmou que, apesar de Eike negar, há indícios de que o pagamento era propina para quitar dívida da campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2010.

O criminalista José Roberto Batochio, defensor de Guido Mantega, disse  que o ex-ministro da Fazenda "nega peremptoriamente qualquer tipo de diálogo com o empresário Eike Batista". Segundo Batochio, o ex-ministro da Fazenda afirmou a ele que "nunca conversou" com Eike.

O UOL entrou em contato com um dos advogados de Eike, Sérgio Bermudes, que disse ter sido surpreendido pelas notícias desta manhã. "Eike me disse reiteradamente que não tinha nada a ver com a Lava Jato", disse. O advogado afirmou que vai se reunir com o empresário nesta tarde para tratar do assunto. 

Delator já havia citado empresa

A OSX já havia sido citada na Lava Jato em setembro do ano passado, quando o delator Eduardo Vaz Costa Musa disse que a companhia havia participado de esquema de pagamento de propinas na Petrobras para disputar licitações. Musa, porém, afirmou não saber se Eike conhecia o esquema.

Em novembro, em depoimento na CPI do BNDES, o empresário afirmou que não pagou propina para conseguir contratos com a Petrobras, em resposta à acusação de outro delator, Fernando Soares, o Baiano. 

Em junho deste ano, outro delator, Fábio Cleto, disse que outra empresa de Eike, a LLX, pagou propina a ele próprio e ao ex-deputado Eduardo Cunha, cassado no início do mês.

Na ocasião, a defesa de Eike disse que ele "repele categoricamente" as acusações, que não há indícios de que ele tenha se envolvido com pagamentos de propina e que não há nenhuma imputação contra ele nesse sentido.

Problemas com a Justiça

Além do envolvimento na Lava Jato, Eike enfrentou outros problemas com a Justiça.

O empresário foi julgado por crimes contra o mercado financeiro. Ele foi acusado, dentre outros crimes, de manipulação do mercado e uso de informação privilegiada ao negociar ações da sua petroleira, a OGX (hoje OGPar), o que teria causado prejuízo a investidores. 

Em abril, a Justiça do Rio de Janeiro absolveu o empresário em processo por formação de quadrilha, crime contra a economia popular e falsidade ideológica. Mais tarde, em maio, ele também foi absolvido da acusação de uso de informação privilegiada

A derrocada do império X

Eike já foi a pessoa mais rica do Brasil, com fortuna estimada de US$ 30 bilhões, e o sétimo mais rico do mundo, segundo o ranking de bilionários da revista "Forbes".

O conjunto de empresas de energia, commodities e logística de Eike entrou em colapso em 2014, forçando seus empreendimentos de petróleo, estaleiros e principais empresas de mineração a pedir recuperação judicial em meio a uma dívida cada vez maior, uma queda nas receitas e uma crise de confiança dos investidores.

Ele também vendeu total ou parcialmente a maioria das suas empresas. Em janeiro deste ano, Eike vendeu uma fatia da OSX ao fundo Mubadala, de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, que também detém participação em outras empresas do antigo Grupo X. 

Em entrevista no ano passado, Eike disse que pagou todas as suas dívidas e que tem patrimônio para investir, mas não quis informar o valor desse patrimônio.