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BC decide juros hoje; economistas apostam em corte de 0,25 ponto, a 13,75%

Do UOL, em São Paulo

30/11/2016 06h00

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decide nesta quarta-feira (30) a Selic, a taxa básica de juros do país, depois de uma reunião de dois dias. A expectativa da maioria dos analistas é de corte de 0,25 ponto percentual, para 13,75%.

Na última reunião, o BC reduziu a taxa de 14,25% para 14% ao ano.  

De 61 economistas consultados pela agência de notícias Reuters, 51 esperam um corte para 13,75%; os outros dez apostam num corte mais intenso, para 13,5%.

Cautela com Trump e ex-ministros de Temer

Em outubro, o BC indicou a inflação de serviços, ainda alta, como um motivo para ter cautela no corte de juros. Agora, com o dólar perto das máximas em cinco meses, economistas dizem não ver razão para que o BC mude de postura.

O dólar subiu primeiro em reação à eleição de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos, no começo do mês, e depois, na última semana, por causa da crise ministerial no Brasil. Segundo o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, o presidente Michel Temer o pressionou para realizar favores pessoais ao então ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, que renunciou na sexta-feira.

O mercado também já se mostrava apreensivo com a provável delação premiada de executivos da Odebrecht, que deve implicar mais de uma centena de parlamentares da base do governo na operação Lava Jato.

"É uma questão de saber se é algo passageiro ou algo mais permanente", disse Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultoria. "Se Temer for incluído nessas delações, o presidente ficaria ainda mais fraco e isso significaria chances muito menores de aprovarem reformas."

Um dólar mais alto dificulta o cumprimento da meta de inflação, principalmente agora que a Petrobras se comprometeu a repassar aumentos de custos mais rapidamente aos preços de combustíveis, afirmaram economistas.

Juros X Inflação

Os juros são usados pelo Banco Central para tentar controlar a inflação. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a caírem. Quando a inflação está baixa, o BC derruba os juros para estimular o consumo. 

A meta é manter a inflação em 4,5% ao ano, mas há uma tolerância de 2 pontos, ou seja, pode variar entre 2,5% e 6,5%.

A inflação mostrou aceleração em outubro, mas ainda assim, foi a menor inflação para o mês desde 2000 (0,14%). A alta, no entanto, está bem acima desse limite máximo: chegou a 7,87% em 12 meses, mostraram dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). 

Juros para o consumidor são mais altos

A Selic é a taxa básica da economia e serve de referência para outras taxas de juros (financiamentos) e para remunerar investimentos corrigidos por ela. Ela não representa exatamente os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos.

Segundo os últimos dados divulgados pelo BC, a taxa de juros do cheque especial subiu em outubro e atingiu 328,9% ao ano, e os juros do rotativo do cartão de crédito ficaram em 475,8% ao ano.