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Investigados, dois frigoríficos do PR dão aviso prévio a 300 funcionários

Movimentação no Frigorífico Souza Ramos em Curitiba (PR) nesta quarta-feira,  - Rodrigo Félix Leal/Futura Press/Estadão Conteúdo
Movimentação no Frigorífico Souza Ramos em Curitiba (PR) nesta quarta-feira, Imagem: Rodrigo Félix Leal/Futura Press/Estadão Conteúdo

Rafael Moro Martins

Colaboração para o UOL, em Curitiba

22/03/2017 17h36Atualizada em 22/03/2017 18h27

Dois frigoríficos investigados pela Operação Carne Fraca sediados em Colombo, região metropolitana de Curitiba (PR), comunicaram nesta quarta-feira (22) a 300 trabalhadores da produção que eles passam a cumprir aviso prévio e devem ser demitidos.

"Muitos clientes estão dizendo que vão jogar nosso produto fora, por medo de problemas. Pedidos feitos na semana passada foram cancelados. Previmos um rombo no caixa e temos medo de não conseguir honrar nossos débitos", explicou Ednandes Alexandre Santos, funcionário dos frigoríficos Souza Ramos e Mastercarnes --pertencentes ao grupo Central de Carnes Paranaense Ltda.

"Eu mesmo estou com o aviso prévio assinado", disse Santos. Apesar de se tratarem de empresas diferentes --e, segundo o funcionário, de proprietários diferentes--, os dois frigoríficos têm a administração compartilhada.

A Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, revelou um suposto esquema de pagamento de propina a fiscais agropecuários para liberar carnes adulteradas sem fiscalização. Segundo a PF, as empresas teriam usado substâncias para 'mascarar' a aparência de carnes podres, utilizado carne estragada e papelão na composição de salsichas e linguiças, cometido irregularidades na rotulagem e na refrigeração das peças e usado em frangos mais água que o permitido.

De acordo com lista divulgada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Mastercarnes --que, segundo Santos, trabalha preparando porções de carne in natura a partir de carcaças de animais recebidas inteiras-- é investigado por suspeita de "corrupção e injeção de produtos cárneos".

No despacho assinado pelo juiz Marcos Josegrei da Silva, que detonou a operação Carne Fraca, há menção a "irregularidades relacionadas a? injec?a?o de li?quidos em frangos da empresa Mastercarnes".

Já o Souza Ramos, que fabrica embutidos, é suspeito de substituir o peru em seus produtos por carne de outras aves, mais baratas, além de "troca de favores por procedimentos fiscalizatórios".

O juiz informa, em sua decisão, que a Souza Ramos é suspeita de fornecer "produtos para merenda escolar [de escolas estaduais do Paraná] em desacordo com os termos contratados". Ela também é mencionada em outras possíveis irregularidades que parecem ter sido cometidas em conjunto com outras empresas suspeitas.

São 21 empresas envolvidas na investigação. Do total, 18 estão localizadas no Paraná, duas em Goiás e uma em Santa Catarina.

Confira a lista das empresas investigadas:

  • Frigorífico Oregon - Apucarana (PR)
  • Frigorífico Argus - São José dos Pinhais (PR)
  • Frigomax Frigorífico e Comércio de Carnes - Arapongas (PR)
  • Indústria e Comércio de Carnes Frigosantos - Campo Magro (PR)
  • Peccin Agro Industrial - Curitiba (PR)
  • Balsa Comércio de Alimentos - Balsa Nova (PR)
  • Madero Indústria e Comércio - Ponta Grossa (PR)
  • Frigorífico Rainha da Paz - Ibiporã (PR)
  • Indústria de Laticínios S.S.P.M.A. - Sapopema (PR)
  • Central de Carnes Paranaense - Colombo (PR)
  • Frigorífico Souza Ramos - Colombo (PR)
  • E.H. Constantino & Constantino - Londrina (PR)
  • Fábrica de Farinha de Carnes Castro - Castro (PR)
  • Transmeat Logística, Transportes e Serviços - Balsa Nova (PR)
  • Peccin Agro Industrial - Jaraguá do Sul (SC)
  • Frango D M Indústria e Comércio de Alimentos - Arapongas (PR)
  • Seara Alimentos - Lapa (PR)
  • Breyer & Cia - União da Vitória (PR)
  • Frigorífico Larissa - Iporã (PR)
  • BRF - Mineiros (GO)
  • JJZ Alimentos - Goianira (GO)