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De 21 empresas da Carne Fraca, 9 continuam interditadas, segundo ministério

Leonardo Benassatto/Framephoto/Estadão Conteúdo
Imagem: Leonardo Benassatto/Framephoto/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

07/04/2017 18h59

De 21 empresas envolvidas na Operação Carne Fraca e fiscalizadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, sete ainda estão interditadas totalmente e duas parcialmente, segundo informações atualizadas divulgadas pelo ministério.

Entre as sete unidades com interdição total, três vão perder o SIF (Serviço de Inspeção Federal), um selo obrigatório para produtos de origem animal. São elas: Peccin Agro Industrial, unidades de Curitiba (PR) e de Jaraguá do Sul (SC), e Central de Carnes Paranaense, com sede em Colombo (PR).

O Frigorífico Rainha da Paz, de Ibiporã (PR), teve interditadas as linhas de produtos defumados e de bacon. Já na Transmeat Logística, Transportes e Serviços, de Balsa Nova (PR), os produtos vetados foram os de cortes temperados e hambúrguer.

Outras duas empresas, a Indústria e Comércio de Carnes Frigosantos, de Campo Magro (PR), e o Frigorífico Larissa, de Iporã (PR), continuam produzindo, mas não podem vender os produtos, segundo o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal. A liberação da venda dependerá do resultado de análises que ainda estão sendo feitas, informou o órgão.

O governo também concluiu que três unidades estão regulares e decidiu retirar suas restrições. São elas: Frigorífico Argus, de São José dos Pinhais (PR), Madero Indústria e Comércio, de Ponta Grossa (PR) e Breyer & CIA, de União da Vitória (PR).

Na quinta-feira (6), o secretário-executivo do Ministério da Agricultura afirmou que o governo recolheu para testes 302 amostras de produtos das empresas investigadas. Deste total, oito apresentaram bactérias e 31 tinham outros tipos de problemas, como excesso de água em frango e de amido em salsichas ou presença de ácido sórbico, um conservante proibido para salsichas e linguiças.

Confira abaixo a situação das 21 empresas:

Interdição total, cancelamento do SIF e produtos recolhidos

Peccin Agro Industrial, de Curitiba (PR)
Peccin Agro Industrial, do Jaraguá do Sul (SC)
Central de Carnes Paranaense, Colombo (PR)

Interdição total e produtos recolhidos

BRF, Mineiros (GO)
Frigorífico Souza Ramos, em Colombo (PR)
Fábrica de Farinha de Carnes Castro, Castro (PR)

Interdição total

Indústria de Laticínios SSPMA, Sapopema (PR)

Interdição parcial

Frigorífico Rainha da Paz, Ibiporã (PR)
Transmeat Logística, Transportes e Serviços, Balsa Nova (PR)

Vendas temporariamente suspensas

Indústria e Comércio de Carnes Frigosantos, Campo Magro (PR)
Frigorifico Larissa, de Iporã (PR)

Em avaliação para definir medidas corretivas

Frango D M Indústria e Comércio de Alimentos, Arapongas (PR)
Seara (da JBS), Lapa (PR)
JJZ Alimentos, Goianira (GO)
E.H. Constantino & Constantino, Londrina (PR)

Nova avaliação para definir medidas corretivas

Frigomax Frigorífico e Comércio de Carnes, Arapongas (PR)

Liberados

Frigorífico Argus, São José dos Pinhais (PR)
Madero Indústria e Comércio, Ponta Grossa (PR)
Breyer & CIA, União da Vitória (PR)

Paralisados desde 2016

Balsa Comércio de Alimentos, Balsa Nova (PR)
Frigorífico Oregon, Apucarana (PR)

O que dizem as empresas

A BRF informou que alguns dos resultados de testes que medem o teor de água no descongelamento de carcaças de frango, realizados pelo Ministério da Agricultura em seis datas diferentes na unidade de Mineiros (GO), foram divergentes dos resultados obtidos dentro da unidade produtora. A empresa afirma que existem variáveis que podem interferir nos resultados e disse que já solicitou contraprova.

A Frango DM informou que ainda não foi comunicada oficialmente sobre os laudos, mas disse que solicitará a contraprova. A empresa afirma que o processo de produção da fábrica é analisado periodicamente e que os resultados não apontaram falhas. Disse ainda que os resultados diferentes podem ter ocorrido devido a fatores externos ao ambiente da fábrica.

A Transmeat disse que as amostras analisadas foram de hambúrgueres de carne bovina, com gordura suína. A empresa afirmou que uma nota técnica do Ministério da Agricultura estabelece a possibilidade da presença de salmonella em produtos com ingredientes de origem suína.

O advogado da Frigosantos, João Francisco Sampaio, afirmou que a empresa não foi informada sobre a irregularidade.

A Central de Carnes Paranaense informou que o pedido de cancelamento do SIF foi feito pela própria empresa e que não concorda com as decisões do Ministério da Agricultura.

Maria Angélica Constantino, administradora do E.H. Constantino & Constantino, informou que a empresa trabalha normalmente, possui produtos seguros e que não foram encontrados problemas nas análises dos itens comercializados. "Nossos produtos saem com segurança para o mercado", disse.

Marcos Dauber, advogado do Frigorífico Rainha da Paz, informou que a interdição ocorreu na linha de produção de bacon, que estava em processo de iniciação, mas passava por adequações solicitadas pelo Ministério da Agricultura. Sobre a autuação da empresa, o advogado disse que não há relação com os produtos vendidos.

A rede de restaurantes Madero informou que o Ministério da Agricultura vistoriou a fábrica de Ponta Grossa (PR) entre os dias 23 e 24 de março. Segundo a empresa, o relatório afirmou que, durante a supervisão, não foram encontrados produtos vencidos, indícios de adulteração ou qualquer fato que trouxesse risco à saúde pública. Eles afirmam ainda que houve parecer favorável à retirada da suspensão imposta em 20 de março em decorrência da Operação Carne Fraca.

Segundo Daniel Henrique Breyer, um dos proprietários da Breyer & Cia, que fabrica mel e cera de abelha, a empresa voltou a exportar na quinta-feira (6). Para ele, apesar da remoção das restrições, o ministério deveria prestar esclarecimentos ao mercado externo sobre a situação das companhias.

A Balsa Comércio de Alimentos Eireli disse que havia fechado a fábrica antes da Operação Carne Fraca. A Souza Ramos e a JBS não quiseram comentar.

O UOL tentou contato por telefone com o frigorífico Peccin, Oregon e a Indústria de Laticínios SSPMA, mas ninguém havia atendido até a publicação desta nota. A reportagem também tentou contato telefônico com o Frigorífico Argus, JJZ Alimentos e Fábrica de Farinha de Carnes Castro, mas os responsáveis também não atenderam.

No Frigorífico Larissa, a informação foi de que não havia um porta-voz para comentar o caso nesta sexta-feira (7). O advogado responsável pelo Frigomax também não foi encontrado para comentar o caso nesta sexta (7).

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