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Dilma: Vender Eletrobras vai subir conta de luz e criar risco de 'apagão'

Do UOL, em São Paulo

22/08/2017 09h02

A ex-presidente Dilma Rousseff criticou a proposta do governo federal, divulgada na segunda-feira (21), de privatizar a estatal de geração e transmissão de energia Eletrobras.

Em uma rede social, Dilma disse que a medida vai resultar em uma conta de luz mais cara para o consumidor. Além disso, a venda da empresa deixaria o país sujeito a 'apagões', como os ocorridos em 2001, no governo de Fernando Henrique Cardoso, quando as interrupções no fornecimento levaram ao racionamento de energia.

O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho chamou o posicionamento de Dilma de "barbaridade" e afirmou que outros países privatizaram estatais de energia e a conta de luz não subiu. 

Para a ex-presidente Dilma, o governo vai "vender na bacia das almas" as principais hidrelétricas e linhas de transmissão porque anunciou uma meta fiscal "irreal" e agora precisa "vender o patrimônio do povo brasileiro para cumpri-la". A venda de termelétricas da Petrobras teria tido a mesma função. 

Dilma também lembrou os gastos do governo com a distribuição bilionária de emendas parlamentares pelo presidente Michel Temer para convencer os deputados a barrar a investigação de denúncia de corrupção passiva contra ele, no que ela chamou de "compra de votos". Temer conseguiu maioria e a denúncia foi arquivada. 

A ex-presidente, que foi afastada após um processo de impeachment no ano passado, foi ministra de Minas e Energia no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando comandou uma reformulação nas regras do setor elétrico que fortaleceu a Eletrobras e o poder do Estado sobre o segmento.

Em 2012, quando já era presidente, Dilma conduziu uma nova mudança nas regras do setor, com o objetivo de reduzir a conta de luz para impulsionar a indústria e o consumo.

Mas as medidas resultaram em perdas bilionárias para a Eletrobras, que só voltou a ter lucro no ano passado, além de terem gerado fortes aumentos nas contas de luz nos últimos anos.

Os problemas financeiros enfrentados pela Eletrobras após a redução tarifária anunciada em 2012 são agora um dos principais argumentos utilizados pelo governo do presidente Michel Temer para propor a redução da fatia da União na companhia.

De 2012 a 2015, a Eletrobras somou mais de R$ 30 bilhões em prejuízos. A dívida líquida da empresa no fim de junho era de R$ 23,4 bilhões.

Fatia de R$ 12 bilhões

O Ministério de Minas e Energia disse que a fatia total do governo na Eletrobras é avaliada em cerca de R$ 12 bilhões.

A fatia que será colocada à venda não foi revelada, mas a privatização usará modelo semelhante ao adotado em empresas como Vale e Embraer, em que o governo mantém direito a veto em decisões estratégicas da empresa.

"Apesar de todo o esforço que vem sendo desenvolvido pela atual gestão, as dívidas e ônus do passado se avolumaram e exigem uma mudança de rota para não comprometer o futuro da empresa", afirmou o ministério.

Caso o plano seja concretizado, Michel Temer conseguirá o que Fernando Henrique Cardoso, cujo governo privatizou a Vale, não conseguiu.

Criada após proposta do presidente Getúlio Vargas em 1954, a Eletrobras demorou anos a sair do papel, mas depois teve papel importante no desenvolvimento do sistema elétrico do país. A estatal também teve sempre grande influência política, com quadros nomeados por diversos partidos, especialmente pelo PMDB.

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