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S&P faz favor ao governo e pressiona Congresso por reforma, dizem analistas

Téo Takar

Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/01/2018 11h05

A decisão da agência de classificação de risco Standard and Poor’s (S&P) de rebaixar a nota (rating) do Brasil deve aumentar a pressão sobre o Congresso para aprovar a reforma da Previdência em fevereiro.

Fora a pressão política, o anúncio deve ter um impacto muito baixo, sem causar pânico no mercado financeiro nem afetar de forma significativa a economia --dólar, inflação, crescimento, juros e emprego, por exemplo. Isso porque a decisão já era esperada desde o fim do ano passado.

Veja a opinião de analistas ouvidos pelo UOL.

Sem pânico nos mercados

Como o rebaixamento já era amplamente esperado pelo mercado financeiro, a notícia não deve provocar grandes impactos na Bolsa ou no dólar nesta sexta-feira (12).

Não haverá pânico. O impacto sobre os mercados é de curto prazo porque é um fato que já estava no preço desde o fim do ano passado.

Raphael  Figueredo, sócio-analista da Eleven Financial

Tatiane Cruz, gestora de fundos de investimentos da Coinvalores, também acha que o novo rebaixamento "já está embutido nos preços". "Basta olhar o comportamento do mercado agora de manhã. A Bolsa está caindo e o dólar subindo, mas dentro do normal. Está bem tranquilo. Não vejo motivo para quem tem ações sair vendendo agora."

Por volta das 11h, o Ibovespa, principal índice da Bolsa, caía 0,38%, a 79.066,02 pontos. O dólar comercial operava praticamente estável, com leve alta de 0,02%, a R$ 3,219.

Mais pressão política

O rebaixamento da nota deve aumentar a pressão sobre a classe política em Brasília.

Na verdade, a S&P está fazendo um favor ao governo Temer, colocando pressão sobre o Congresso para que aprove as reformas. No fundo, o que a S&P está dizendo é exatamente isso: 'Olha, se vocês não aprovarem as reformas, vamos rebaixar de novo'.

Raphael  Figueredo, da Eleven Financial

O analista Pedro Galdi, da Magliano Corretora, também enxerga uma maior pressão pela aprovação das reformas, especialmente a da Previdência. "A S&P deu um puxão de orelha no Congresso brasileiro. Agora, vamos ver como será o jogo político em Brasília daqui para frente."

Afeta planos das empresas no exterior

O maior impacto do rebaixamento anunciado pela S&P deve ser sobre os bancos e empresas. Normalmente após piorar a nota do país, a agência de classificação de risco também rebaixa as notas de crédito das companhias brasileiras.

Quem sente o rebaixamento na prática são as empresas, especialmente aquelas que atuam no exterior. O custo de captação de recursos lá fora vai aumentar.

Pedro Galdi, analista da Magliano Corretora

Quanto pior é a nota de uma empresa, mais juros ela precisa pagar para conseguir vender títulos de sua dívida aos investidores.

Novos rebaixamentos: dólar pode subir

Tatiane Cruz, da Coinvalores, diz que não é interessante para os políticos que haja insegurança no mercado financeiro em ano de eleições.

Depois da S&P, outras agências, como a Moody’s e a Fitch, também podem cortar o rating soberano, tudo isso em pleno ano eleitoral. Novos rebaixamentos fariam o dólar subir, o que pode empurrar a inflação para cima e obrigar o BC a elevar os juros.

Tatiane Cruz, da Coinvalores

O aumento da instabilidade econômica poderia ter impacto sobre o resultado das eleições, avalia a analista. "Para os políticos, é importante que o crescimento da economia seja pujante neste ano eleitoral."

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