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Largaram direito e tecnologia para fabricar facas que custam até R$ 12 mil

Divulgação
Imagem: Divulgação

Thâmara Kaoru

Do UOL, em São Paulo

05/05/2018 04h00

Conseguir transformar um passatempo em uma profissão pode ser o sonho de muitos trabalhadores. A situação é ainda melhor quando dá para ganhar mais dinheiro com o hobby do que se estivesse no emprego convencional. 

Foi isso que Gabriel Francisco Pavan Pierri, 26, conseguiu. Ele trabalhava com tecnologia da informação, mas não estava feliz com sua profissão. Em 2014, decidiu largar o emprego em São Paulo e voltar para sua cidade, Casa Branca (SP).

Foi no começo de 2015 que ele conheceu a cutelaria, trabalho de quem fabrica facas, machados e espadas, e começou a perceber que o hobby poderia ser sua nova profissão. O tema tem atraído atenção. Existe um reality show no canal History, Desafio sob Fogo, e uma feira está sendo realizada neste fim de semana em São Paulo (veja detalhes mais abaixo).

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Gabriel - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Gabriel Pierri, 26, largou a carreira na área de TI para fazer facas artesanais
Imagem: Arquivo pessoal
“Foi uma época em que eu estava sem trabalho. Sempre gostei de mexer com máquinas e criar coisas. Um dia, vi um amigo com uma faca artesanal e me interessei. Durante dois anos, eu fiz as facas sozinho, só pesquisando na internet. Depois, fiz dois cursos. De julho do ano passado para cá, a carreira decolou.”

O cuteleiro diz que faz, em média, cinco facas por mês, e os preços variam de R$ 1.000 a R$ 2.500 por peça. As vendas acontecem por encomendas, com divulgações em redes sociais ou durante exposições. Ele afirma que já recebe mais com a cutelaria do que ganhava com TI. “Na cutelaria, consegui explorar minha criatividade, além de ser uma grande terapia. Hoje ganho duas vezes o que eu ganhava em TI.”

Advogado divide carreira com facas artesanais

Sandro - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Sandro Boeck divide seu tempo entre a carreira de advogado e a cutelaria
Imagem: Arquivo pessoal
Quem também está transformando o hobby em profissão é Sandro Boeck, 43. Ele é advogado e tem um escritório, mas divide seu tempo com a cutelaria. “Tentei vários hobbies, mas nada me agradava. Em 2006, um amigo sugeriu que eu fizesse uma faca. Fiz um curso e, um ano depois, ganhei um prêmio de melhor iniciante em uma competição. Em abril de 2017, decidi montar uma empresa em parceria com outros dois cuteleiros. Agora, divido o tempo entre o escritório e as facas. Minha projeção é de estar 100% na cutelaria nos próximos dois anos.”

Boeck diz que desde que a empresa começou a funcionar já foram produzidas 130 facas. Elas são vendidas para churrasqueiros, colecionadores ou para quem quer presentear alguém. “Nossa meta é atingir a produção de 50 facas por mês até o ano que vem."

Os preços das facas produzidas em sua empresa vão de R$ 300 a R$ 1.350. Já os itens personalizados, produzidos somente por ele, são mais caros. Ele afirma que já vendeu uma faca por R$ 12 mil, após três meses de trabalho.

Dá para montar oficinas com R$ 1.000

Boeck afirma que investiu entre R$ 20 mil e R$ 30 mil para montar sua oficina, mas diz que, para iniciantes, é possível comprar máquinas mais baratas. “Para quem quiser fazer um curso, o investimento fica entre R$ 2.000 e R$ 5.000. Uma oficina básica com bancada, morsa e forja a carvão fica entre R$ 1.500 e R$ 2.000. Se procurar itens usados, dá para montar uma oficina com R$ 1.000."

Feira de cutelaria

Quem quer conhecer um pouco mais sobre as facas artesanais pode participar de eventos como a 6ª edição da Mostra Internacional de Cutelaria, que acontece neste sábado (5) e domingo (6), no Centro de Convenções do shopping Frei Caneca, na região central de São Paulo.

Os participantes poderão ver o trabalho de 60 expositores, além de participar de workshops de defesa pessoal e palestras sobre técnicas e materiais de cutelaria. Segundo Roger Glasser, organizador da exposição, é possível encontrar facas que custam entre R$ 100 e R$ 10 mil.

A expectativa dos organizadores é receber entre 3.000 e 3.500 visitantes durante o evento. "Nosso público é 30% de colecionadores, 40% de pessoas que gostam da cutelaria, mas não necessariamente colecionam, e o restante são pessoas que vão para conhecer mesmo.”

Ele afirma que, entre os colecionadores, há aqueles que usam a faca para caçar em outros países, quem leva a faca para a atividade de caça, mas a utiliza para outros fins, como abrir a mata, por exemplo, e há aqueles que apenas colecionam. “Alguns exibem a faca como uma obra de arte”, diz Glasser.

6ª Mostra Internacional de Cutelaria

  • 5/5: 10h às 19h
  • 6/5: 12h às 18h
  • Local: Centro de Convenções do shopping Frei Caneca (rua Frei Caneca, 569, 6º andar, São Paulo)
  • Ingressos: R$ 10; crianças com até 10 anos não pagam
  • Informações: www.mostrainternacionaldecutelaria.com