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Governo de SP dá desconto em pedágio e IPVA em troca de fim de greve

Felipe Pereira

Do UOL, em São Paulo

26/05/2018 18h03Atualizada em 27/05/2018 07h13

O governador de São Paulo, Márcio França (PSB), anunciou neste sábado (26) que o eixo suspenso, usado por caminhões quando estão sem a carga total, não será cobrado nas rodovias do estado. A medida passará a valer a partir da 0h de terça-feira (29).

A medida do governo é uma tentativa de minimizar os reflexos da paralisação de caminhoneiros, que já entra no 6º dia em todo o país.

França anunciou ter chegado a um acordo de cinco pontos com representantes de caminhoneiros grevistas para por fim à paralisação no estado de São Paulo. Ele se comprometeu a acabar com a cobrança nos pedágios dos eixos suspensos, garantir que o desconto de 10% nas refinarias chegue aos postos, cancelar as multas aplicadas aos grevistas, um regime diferenciado para o IPVA (imposto sobre veículos automotores) em 2019 e incluir um representante da categoria na agência que regula os transporte no estado.

O governador condicionou a efetivação das medidas à desmobilização da greve. O medo existe porque foi falado que o presidente Michel Temer (MDB) negociou com quem não tinha poder de parar o movimento. Os representantes dos caminhoneiros deixaram a reunião em direção a Régis Bittencourt com o compromisso de liberar a rodovia e, por tabela, o Rodoanel, complexo viário que interliga várias rodovias importantes no entorno da capital paulista.

França também se comprometeu a usar o poder de fiscalização do estado para fazer o desconto de 10% no preço do diesel nas refinarias, determinado pelo governo federal, chegar às bombas de combustível. O percentual representa 41 centavos e o governador de São Paulo disse que usará o Procon para o preço do litro do combustível ser reduzido no mesmo valor.

Integrantes do primeiro escalão do governo federal foram consultados durante a reunião que ocorreu no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Carlos Marun, chefe da articulação política estará no local por volta das 21h para conversar com os grevistas que desejam que o desconto no diesel vá além dos 30 dias anunciados pelo governo federal. O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, foi consultado por telefone.

Contrapartida dos grevistas

Vacinado com a criticada atuação do governo federal, que fez concessões e não conseguiu encerrar o movimento, França condicionou as medidas à desmobilização dos grevistas. Enquanto ele falava à imprensa, um grupo se dirigia a Régis Bittencourt, que liga São Paulo a Curitiba. A promessa era desbloquear o local e assim liberar o Rodoanel também.

Na garagem, um caminhoneiro explicava que ficarão no Palácio para ir informado em tempo real o governo de São Paulo. O clima ao final do encontro era de esperança que a greve acabe no estado. O governador falou que os dois lados perdem com a paralisação e ressaltou que um movimento não dura tanto se não houver um motivo justo.

“Precisamos entender o lado deles”, emendou.

Após o anúncio de França, a reportagem do UOL esteve na rodovia Régis Bittencourt. André Luiz Xavier, apontado como pessoa que falaria pelos caminhoneiros parados próximo a Embu das Artes (SP), disse que as concessões do governador não encerram a greve. “É insuficiente. O governo pisou na gente, aumentou o combustível três vezes na mesma semana. A gente vai ficar. Não terminou a greve”.

Muitos veículos continuam parados no local por volta das 19h.

Como funcionará o IPVA diferenciado e o desconto no pedágio

O governador disse que vai elaborar uma proposta para o IPVA diferenciado aos caminhoneiros em 2019. França explicou que o valor depender de um estudo para saber quantos veículos serão beneficiados. Os representantes dos caminhoneiros autônomos informaram no encontro que seriam cerca de 130 mil.

Sobre o desconto no pedágio, ele passa a valer a zero hora de terça-feira. O governador acredita que haverá uma queda de aproximadamente R$ 50 milhões no faturamento das concessionárias. O valor seria ressarcido pelo governo federal. A solução é mais um motivo para explicar a presença do articulador político do presidente Temer às 21h no Palácio dos Bandeirantes. As concessionárias serão procuradas nos próximos dias para tratar do caso.

6º dia de paralisação

Caminhoneiros fazem neste sábado o sexto dia da greve da categoria, ao menos 596 pontos ativos de bloqueios em estradas pelo país, segundo informou a PRF (Polícia Rodoviária Federal). A mobilização continua afetando a prestação de serviços em vários municípios. Os estados de Pernambuco e Sergipe e cidades como São Paulo e Olinda decretaram situação de emergência.

De acordo com a PRF, as interdições são "em sua maioria parciais e sem prejuízo à livre circulação". Desde 0h de hoje, afirma a força policial, mais de 500 pontos de bloqueio foram desfeitos. Vários aeroportos do país estão sem combustível.

Carlos Marun afirmou nesta manhã que a Polícia Federal já identificou e pediu a prisão de empresários que, segundo a União, estariam incentivando a paralisação. Eles são investigados por locaute (espécie de greve coordenada por patrões).

Marun disse ainda que o governo está aplicando multas de R$ 100 mil por hora parada aos donos das transportadoras que não desbloquearam vias e voltaram à atividade.

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