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Vai estocar? Veja melhores alimentos e por que não pode guardar combustível

Motoristas fazem longas filas em posto de gasolina em SP na tarde da última sexta-feira com temor de desabastecimento causado pela greve dos caminhoneiros - Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Motoristas fazem longas filas em posto de gasolina em SP na tarde da última sexta-feira com temor de desabastecimento causado pela greve dos caminhoneiros Imagem: Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Lucas Teixeira

Colaboração para o UOL

26/05/2018 09h08

A greve dos caminhoneiros trouxe um sério problema de abastecimento de diferentes produtos em diversas cidades do país. Como reação, algumas pessoas começaram a estocar certos produtos com medo que acabem.

Além de ampliar o problema do abastecimento, a prática oferece alguns riscos. Especialistas ouvidos pelo UOL explicam que tipo de alimentos são mais seguros na hora de estocar e por que você não deve tentar esta prática com combustível.

Comidas

Se a greve durar menos do que duas semanas, não há tantos problemas para o estoque de alimentos no geral. Mas, ainda assim, há produtos mais e menos indicados.

De acordo com Madalena Vallinoti, diretora do Sindicato dos Nutricionistas do Estado de São Paulo, produtos não-perecíveis são mais indicados porque têm datas de validades mais extensas. “São produtos geralmente secos com validade que giram em torno de seis meses, então dá para comprar em maior quantidade com menos preocupação”, afirma a nutricionista. Entre eles estão arroz, feijão, macarrão, café, sal, açúcar e outros temperos.

O leite também não apresenta muitos problemas. Os leites longa vida geralmente têm em torno de três meses enquanto os em pó chega a seis. Uma opção para proteínas de maior duração seriam os enlatados, como sardinhas, embora não sejam nutricionalmente tão indicados. “Eu não consumo, mas são uma possibilidade neste caso”, afirma Vallinoti.

Com os queijos, é melhor dar preferência aos mais curados, como muçarela, do que os mais frescos, como ricota. Ovos tendem a durar duas semanas quando refrigerados, mas é preciso ficar de olho.

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Na parte proteica, carnes, frangos e peixes podem durar até três meses sem perder suas propriedades nutricionais se armazenados no freezer. Vallinoti recomenda descongelar sempre a quantidade que for ser consumida. “Não fique congelando e descongelando as carnes, isso pode ser prejudicial e faz com que ela perca suas propriedades”, alerta.

Nos vegetais, há alguns que duram mais, como chuchu, batatas e cebolas; os de média duração, como tomate; e os que duram menos, como alface.

A especialista explica que o mais importante é sempre prestar atenção na validade dos produtos comprados. “Às vezes as pessoas vão na pressa e compram um produto mais barato, mas que vence em poucos dias, aí está o problema.”

Além disso, ela pontua que é importante saber onde armazenar. “Carnes fora do freezer, por exemplo, duram três dias? Então, se você
não tem essa refrigeração, é melhor focar nos não perecíveis e enlatados”, aconselha a nutricionista. “É só tomar cuidado. O problema é comprar em grande quantidades, se for uma família, e não de atentar aos detalhes”, conclui Vallinoti.

Gasolina

Há também pessoas que pensam em estocar gasolina, diante das enormes filas e preços abusivos praticados em diferentes cidades. Esta prática, no entanto, é crime previsto pela Lei 9.605/98, a chamada Lei dos Crimes Ambientais. (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9605.htm)

“Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos”, diz o Artigo 56.

A pena prevê multa e reclusão de um a quatro anos. Mas não se deve evitar o armazenamento de gasolina só por que é crime. O Corpo de Bombeiros afirma que a prático oferece um alto risco de vida para os envolvidos. “A gasolina e o álcool não requerem grandes quantidades para pegar fogo”, afirma o capitão Marcos Palumpo, porta-voz dos Bombeiros do Estado de São Paulo. “Garrafas pet de 1,5 litro ou dois já ofecerem grandes riscos."

O primeiro ponto, de acordo com Palumbo, é o limite de explosividade da gasolina. “Não precisa estar em um lugar tão pequeno assim para fazer um estrago”, afirma. “Os combustíveis também são extremamente voláteis. Eles evaporam e criam uma atmosfera explosiva.”

Além disso, Palumbo cita as condições de armazenamento. “Garrafas de plástico ou sacos não foram feitos para receber combustíveis. Com o tempo, eles corroem o material e vazam”, explica.

“Casas não são locais indicados para armazenar combustível, são locais fechados, de pouca ventilação”, afirma o militar. “Estocar combustível traz um grande risco para as pessoas, seja de explosão, intoxicação, queimaduras etc”, conclui Palumbo.