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Presidente do BC diz que usará "instrumentos necessários" para conter dólar

Cristiane Bonfanti

Do UOL, em Brasília

28/06/2018 12h29

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse nesta quinta-feira (28) que o órgão vai continuar acompanhando os mercados para intervir no câmbio quando necessário.

"Continuamos acompanhando. Continuamos perto dos mercados, e isso vai continuar ao longo do tempo”, afirmou, durante entrevista para comentar o relatório de inflação.

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Ilan voltou a afirmar que a política monetária e a cambial são separadas. No início de junho, o presidente do BC deu entrevista para afirmar que a política monetária (com a definição da taxa básica de juros, a Selic) não seria utilizada para controlar o câmbio.

"Como tenho dito, não há relação mecânica entre política monetária e cambial", afirmou. "O que posso dizer é que a gente vai continuar acompanhando os mercados, dando liquidez para os mercados, com vários instrumentos que forem necessários”, disse Ilan.

BC recorre a mais medidas para controlar o câmbio

Desde meados de maio, o Banco Central tem tomado medidas para segurar a alta do dólar. Na segunda-feira (25), com o dólar subindo muito, o Banco Central mudou a forma de negociar a moeda. Ele decidiu tirar dinheiro das reservas internacionais e vender o dólar já no mercado (o que os economistas chamam de mercado à vista), em vez de fazer uma venda futura, como vinha fazendo até agora.

Na prática, o Banco Central passou a usar o chamado leilão de linha ou venda de dólares com compromisso de recompra. Com isso, o BC aumenta a quantidade da moeda norte-americana circulando e, com isso, busca segurar a sua alta. Trata-se da lei da oferta e da procura. Se há mais dólar disponível na economia, o seu preço tende a ser menor.

Até a semana passada, o BC vinha realizando leilões de swaps cambiais, mas a medida não se demonstrou suficiente para conter a elevação do dólar.

Nos leilões de swap, o Banco Central age como se estivesse vendendo dólar no mercado futuro. Ele oferece um contrato de venda de dólares, com data definida de encerramento, mas não entrega a moeda efetivamente. Quando esses contratos vencem, o Banco Central paga aos investidores a variação do dólar no período. O investidor, por sua vez, se compromete a pagar uma taxa de juros sobre o valor desse contrato.

A ideia é que o BC não vende dólar físico, mas sim a variação do dólar. Com a negociação do dólar no mercado futuro, o investidor garante que ganhará com a sua variação sem comprar a moeda, o que reduziria a sua oferta no mercado e, consequentemente, poderia elevar o seu preço.

Com as medidas para segurar o câmbio, o BC afeta diretamente a vida de cidadãos e de empresas. Com o dólar alto, produtos importados ficam mais caros, contribuindo para uma alta nos preços de bens e serviços no Brasil de forma geral.

As viagens dos brasileiros ao exterior também ficam mais caras. Por outro lado, as exportações brasileiras são favorecidas (um importador lá fora precisa gastar menos dólares para comprar um produto brasileiro).