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Bolsonaro elogia Paulo Guedes após vaivém sobre aumento de imposto

Antonio Temóteo e Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

07/01/2019 13h06

O presidente Jair Bolsonaro elogiou nesta segunda-feira (7) o ministro da Economia, Paulo Guedes, dias após divergências entre o presidente e membros do governo sobre aumento de impostos terem criado ruído com a equipe econômica. 

O desconhecimento, meu ou dos senhores, em muitas áreas e a aceitação disso são sinal de humildade. Tenho certeza, sem qualquer demérito, de que eu conheço um pouco mais de política que o Paulo Guedes, e ele conhece muito, mas muito mais de economia do que eu
Jair Bolsonaro, durante posse dos presidentes dos bancos públicos

Na sexta-feira (4), Bolsonaro afirmou que haveria aumento da alíquota de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para compensar a prorrogação de benefícios fiscais às regiões Norte e Nordeste.

Horas mais tarde, no entanto, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, negou o aumento e declarou que o presidente "se equivocou". "Ele assinou a sanção e também um decreto que dá a garantia à execução, sem aumento de imposto", disse.

Diante das idas e vindas, Guedes cancelou uma reunião com o presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Apesar da polêmica, o ministro da Economia não fez qualquer comentário sobre o assunto.

Bolsonaro e Guedes são "best friends", diz ministro

Após o evento, o general Augusto Heleno, ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e um dos conselheiros mais próximos de Bolsonaro, afirmou não haver "rusga nenhuma" entre o presidente e Guedes e os chamou de "best friends" (melhores amigos, em inglês).

Não teve rusga nenhuma. Nem rusga nem carrinho por trás nem tesoura voadora, não teve nada. Hoje de manhã se encontraram aí, 'best friends'. Não tem essa história
Augusto Heleno, ministro do GSI

Quanto às divergências em relação ao IOF, o ministro disse acreditar que "aquilo foi fruto de uma primeira semana" de governo.

"O peso em cima das costas do presidente é muito grande. Ele acaba ouvindo muita coisa sem ter tempo nem de conferir se o que ele ouviu está valendo ainda. Daqui a cinco minutos muda de novo. É comum isso, não é novidade em início de governo ter alguns desencontros", afirmou

Bolsonaro: Se errarmos, vocês sabem quem pode voltar

Na cerimônia, Bolsonaro disse, ainda, que ninguém consegue governar sozinho e, por isso, acredita na equipe escolhida por Paulo Guedes. Se a economia for bem, afirmou, não somente mais empregos serão gerados como também haverá uma queda no índice de violência.

"Nós não podemos errar. Se nós errarmos, os senhores bem sabem quem poderá voltar. E as pessoas de bem, que foram a maioria, que acreditaram naquilo que nós pregamos ao longo dos últimos anos, não poderão se decepcionar conosco", declarou, em clara alusão ao PT, que foi seu maior adversário nas urnas no ano passado. 

Durante o evento, Bolsonaro disse que apertou a mão de Joaquim Levy, novo presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) pela primeira vez nesta segunda, em reunião informal em seu gabinete no Planalto, e lhe perguntou "se o Brasil vai dar certo". Ao mesmo tempo, ponderou que a resposta é "simples como bater um pênalti sem goleiro": "Se não fosse dar certo, não estaríamos aqui".

O presidente diz que pediu transparência. "Todos os nossos atos terão que ser abertos ao público. E o que ocorreu no passado também. Nós não podemos admitir, em qualquer uma dessas instituições, qualquer cláusula de confidencialidade pretérita", disse.

Ele disse que "amigos do rei" em outras gestões, em referência a pessoas que buscaram obter algum benefício por meio de contatos, não serão perseguidos, porém, os atos serão tornados públicos.