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Bolsonaro deve virar garoto-propaganda da reforma da Previdência

Antonio Temóteo

Do UOL, em Brasília

06/04/2019 04h00

O governo intensificou nesta semana as articulações políticas para tentar aprovar a reforma da Previdência na Câmara dos Deputados. Apesar das dificuldades, técnicos estão confiantes de que o relatório da proposta seja aprovado na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Mas a CCJ é só o primeiro passo, e o projeto precisa passar em comissão especial, no plenário da Câmara e depois no Senado (veja aqui a tramitação da reforma). A estratégia, dizem, é que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) assuma a linha de frente em defesa da proposta.

A decisão leva em conta a ausência do ministro da Economia, Paulo Guedes, que estará nos Estados Unidos para reuniões do FMI (Fundo Monetário Internacional) a partir de terça. A previsão é que o ministro fique fora do país até sexta, mas a data ainda não foi confirmada.

Guedes tem sido o principal defensor da proposta. Na última semana, recebeu mais de 50 deputados em audiências, enquanto Bolsonaro se reuniu com os presidentes de partidos do centrão.

Cobranças, bate-boca e reuniões

A avaliação do governo é de que a semana terminou melhor do que começou em relação às perspectivas de aprovação da reforma.

"A semana começou mal, com o líder do PSL na Câmara cobrando que Bolsonaro fosse o garoto-propaganda da reforma. E chegou ao 'buraco' com o bate-boca na CCJ entre Guedes e o deputado petista", disse um técnico da equipe econômica ao UOL. "Mas depois melhorou, com as reuniões do presidente com o centrão e os efeitos na Bolsa e no dólar."

O bate-boca mencionado ocorreu durante uma tumultuada sessão na CCJ, na qual Guedes foi chamado de "tigrão" e "tchutchuca" e, nervoso, respondeu com gritos de "tchutchuca é a mãe".

Outro problema na articulação da reforma ao longo da semana foram as críticas de deputados da própria base aliada ao líder do governo na Câmara, deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO).

Declarações de Bolsonaro 'jogam contra'

Apesar da visão otimista do governo, auxiliares de Guedes e Bolsonaro afirmaram que o presidente precisa ajustar suas declarações sobre a reforma.

O presidente disse por exemplo que, se a adoção do regime de capitalização sofrer muita resistência, a medida pode ser retirada da proposta. Mudança mais radical da reforma, a capitalização define que o próprio trabalhador poupará para sua aposentadoria.

"Essa declaração 'joga contra'. O ministro defende de um lado, e o presidente admite que pode tirar. Esse discurso precisa estar mais afinado", afirmou um assessor de Bolsonaro. "Eles estão em sintonia, mas faltam alguns ajustes para melhorar essa estratégia de comunicação."

Entenda a proposta de reforma da Previdência em 10 pontos

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