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Agência Fitch mantém nota baixa, e Brasil segue sem 'selo de bom pagador'

Do UOL, em São Paulo

21/05/2019 12h14Atualizada em 21/05/2019 14h26

A agência de classificação de risco Fitch manteve a nota de crédito soberano do Brasil em "BB-", com perspectiva estável. Com isso, o país segue sem o "selo de bom pagador": a nota "BB-" está três degraus abaixo da faixa chamada de grau de investimento.

Entre os fatores para não aumentar a nota do Brasil, a Fitch menciona o alto endividamento do país, a dificuldade do governo em fechar as contas e a dificuldade em aprovar reformas como a da Previdência, que ajudariam a equilibrar os gastos.

"Desafios fiscais continuam a pesar com força sobre o perfil de crédito e tornam o Brasil vulnerável a choques", disse a agência em seu relatório.

Reforma da Previdência não resolve tudo

A Fitch também afirmou que não se pode descartar a possibilidade de a reforma da Previdência não ser aprovada --embora o projeto, por si, não seja o suficiente para resolver todos os problemas das contas públicas, de acordo com a agência.

"Um completo fracasso em avançar com a reforma não pode ser descartado", disse o texto, assinado pela diretora sênior do grupo para América Latina, Shelly Shetty.

"A Fitch acredita que a aprovação da reforma da Previdência é necessária, mas não suficiente para melhorar de forma significativa a perspectiva de curto prazo para as finanças públicas e para cumprir o teto de gastos nos próximos anos."

Agência reduz previsão para o PIB brasileiro

A Fitch revisou para baixo a projeção de crescimento econômico do Brasil de 2,1% para 1,5% em 2019. A previsão para o ano que vem também foi reduzida de 2,75% para 2,5%. Entre os motivos da revisão dos números estão os impactos da crise argentina e o rompimento de barragem da Vale em Brumadinho (MG), no início deste ano.

Também nesta terça-feira, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) diminuiu sua previsão para o PIB brasileiro a 1,4%. Tanto a expectativa da OCDE quanto da Fitch ainda são mais otimistas que a de economistas consultados em pesquisa Focus do Banco Central, que preveem crescimento de 1,24%.

Nota indica risco de calote

Um governo ou empresa consegue dinheiro vendendo títulos no mercado. Os investidores compram papéis com a promessa de receber o dinheiro de volta no futuro com juros. Quando um governo ou empresa tem avaliação ruim, considera-se que há risco de dar um calote e não pagar esses investidores.

Se houver desconfiança sobre essa devolução, fica difícil conseguir vender esses títulos, e é preciso pagar mais juros aos investidores para compensar o risco maior. O rating, ou classificação de risco, indica aos investidores se um país, empresa ou negócio é considerado um bom pagador ou não.

O chamado grau de investimento, por exemplo, indica que tem baixo risco de dar calote, e que as aplicações financeiras feitas por investidores estrangeiros nesse país ou empresa terão risco próximo a zero.

(Com Reuters)

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