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Caixa desconta 90% de dívida paga à vista; vale pegar empréstimo e quitar

Téo Takar

Do UOL, em São Paulo

01/06/2019 04h00

A Caixa Econômica Federal anunciou um programa de renegociação de dívidas que deverá beneficiar 2,6 milhões de clientes que estão com pagamentos em atraso há mais de um ano. Segundo o banco, a redução no valor da dívida poderá chegar a 90%, desde que o cliente quite o débito à vista.

Especialistas ouvidos pelo UOL afirmam que vale a pena aceitar a proposta devido ao tamanho do desconto oferecido pela Caixa. Porém, se o devedor precisar pegar um novo empréstimo para quitar a dívida, deverá reorganizar suas finanças pessoais para dar conta do compromisso e não ficar inadimplente novamente.

"O desconto que a Caixa está dando é muito bom. Vale a pena pegar outro empréstimo porque o montante necessário para quitá-lo será bem menor do que o tamanho da dívida original", disse Estevão Garcia, coordenador do curso de pós-graduação em Gestão de Custos e Negócios da Faculdade Fipecafi.

De acordo com a Caixa, o desconto médio oferecido será de 86%. Considerando esse percentual, se uma pessoa tiver uma dívida de R$ 20 mil por exemplo, ela conseguirá limpar o nome pagando R$ 1.720.

Veja se a nova prestação cabe no orçamento

A Caixa informou que, dos 2,6 milhões de devedores que serão alvo da renegociação, 2,4 milhões (92%) poderão quitar suas dívidas desembolsando até R$ 2.000, já considerando o desconto concedido pelo banco.

Porém, 60% dos clientes inadimplentes possuem uma renda de até R$ 1.500 por mês, o que torna o pagamento da dívida um desafio, mesmo com o desconto oferecido.

Por isso, o cliente que aderir à renegociação deve analisar se o novo empréstimo não compromete demais a sua renda.

"Ao assumir um empréstimo ou dívida com bancos, é importante saber quanto de juros vai pagar por mês e quanto a parcela vai comprometer do orçamento", disse o educador financeiro Junior Grilli.

"Se a pessoa ganha R$ 1.500 por mês, a prestação não pode ultrapassar um terço disso, ou seja, R$ 500. E mais do que isso, a parcela precisa caber dentro do orçamento familiar, senão ela ficará inadimplente de novo em pouco tempo", afirmou Garcia.

Pesquise bastante antes de fechar novo empréstimo

Os clientes que serão alvo da renegociação da Caixa estão com as dívidas em atraso há mais de um ano e, portanto, estão com o nome sujo na praça. Logo, devido ao histórico mau pagador, será mais difícil conseguir uma taxa baixa na contratação do novo empréstimo.

"Mesmo assim, a pessoa não deve desanimar nem ter vergonha de pechinchar. Pesquise bastante, consulte as fintechs [empresas de tecnologia que prestam serviços financeiros], faça simulações de empréstimo. Às vezes a taxa de juros é boa, mas a instituição cobra várias taxas caras para liberar o dinheiro. Por isso, sempre olhe o custo efetivo total [CET] da operação", declarou Garcia.

Não é preciso ter pressa para pesquisar o novo empréstimo e ir à Caixa fazer o acordo. O programa de renegociação deverá durar até o fim de agosto.

Os especialistas recomendam que os devedores procurem renegociar primeiro as dívidas que possuem maiores taxas de juros, como o cartão de crédito e o cheque especial.

Os empréstimos com garantia real, como financiamento de imóvel ou de veículo, não entrarão no programa de renegociação da Caixa.

Segundo o banco, a maior parte das dívidas (24,7%) em atraso é proveniente de empréstimos consignados, descontados diretamente no salário do trabalhador. "Muita gente perdeu emprego nos últimos anos e acabou ficando inadimplente", afirmou o professor da Fipecafi.

Cliente que renegociar dívida ficará "marcado"

Embora limpar o nome seja uma atitude positiva para o consumidor, Garcia alerta que os clientes da Caixa que aderirem à renegociação provavelmente ficarão "marcados" dentro do banco e terão dificuldade para conseguir novos empréstimos na instituição futuramente, caso necessitem.

"O cliente deve, sim, aderir à renegociação. Será uma preocupação a menos na vida. Mas é importante saber que ele ficará registrado no sistema do banco como um mau pagador. Isso acontece porque, na prática, o banco vai dar baixa naquela dívida com algum prejuízo devido ao desconto grande que está dando ao cliente para receber alguma coisa."

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