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Conversa Controversa

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Conversa Controversa

Mais anúncios no Instagram podem afastar os usuários da rede social?

Mathias Pape/UOL
Imagem: Mathias Pape/UOL

Renato Pezzotti

Colaboração para o UOL, em São Paulo

15/07/2019 04h00

É praticamente impossível fugir de anúncios no Instagram. E o número tende a aumentar: no final de junho, a rede social passou a oferecer mais uma possibilidade às empresas. Agora, além do feed de imagens e dos "Stories", as marcas também podem inserir publicações com propagandas na área de buscas.

O aumento da publicidade pode afastar os usuários comuns da rede social?

Serviço gratuito em troca de propaganda

Segundo especialistas, ainda não há esse risco, mas as marcas --e o próprio Instagram-- precisam tomar cuidado para não exagerar na dose das propagandas e acabar atrapalhando a experiência do usuário.

"Diferente de serviços de assinatura, como Spotify e Netflix, o Instagram continua sendo uma ferramenta gratuita. Para o usuário, está claro que receber anúncios é o preço que se paga para curtir a plataforma. Isso seguirá sendo uma troca justa", declarou Adriano Souza, diretor de Mídia da agência Mutato.

Segundo o próprio Instagram, a rede possui mais de 1 bilhão de contas ativas. Mais de 200 milhões de pessoas visitam um perfil de negócios todos os dias e 80% dos usuários seguem um perfil de alguma marca, de acordo com dados da empresa.

"As pessoas usam o Instagram porque, com ele, podem se conectar não somente com amigos, mas com seus interesses. E não há dúvida que as marcas fazem parte desses interesses", disse Melissa Amorim, head de Comunicação do Instagram na América Latina.

Marca precisa "entrar" no dia a dia do público

Para se destacar entre tantos anúncios, as empresas precisam criar conteúdo relevante. "O maior desafio para as marcas é se aproximar da vida das pessoas. Entender o que o consumidor quer", afirmou Aline Rossin, vice-presidente de Serviços ao Cliente da agência Live.

Para a executiva, o Instagram não tem um substituto à altura, o que facilita a permanência dos consumidores na rede.

"Além disso, há um grande número de consumidores que ainda está entrando no Instagram, criando seus perfis e descobrindo suas preferências", declarou Aline. Mas ela faz uma ressalva: "Grande parte do público não consegue distinguir o que é publicidade e o que não é. Assim, a qualidade de produção dos anúncios talvez seja o ponto de atenção mais relevante para as marcas."

Inaiara Florêncio, diretora de Mídias Sociais da agência SunsetDDB, ressaltou o mesmo ponto. "Mais propagandas podem, sim, afastar o público --principalmente se os anúncios forem mal feitos. As marcas precisam saber fazer parte da jornada do consumidor para entrar no dia a dia do público", afirma.

Área de buscas: um mundo de novas descobertas

Segundo a executiva do Instagram, "a propaganda na área de buscas permite que as marcas anunciem em um local onde os usuários estão abertos à descoberta e conexão com pessoas, empresas e criadores na plataforma".

Dados da empresa apontam que mais da metade dos perfis ativos na rede usam o "Explorar" todos os meses. Os anúncios, assim, são uma forma de aproximar ainda mais os consumidores das marcas.

"A área de buscas abre um mundo de novas descobertas para que os usuários tenham a possibilidade de estourar a bolha do seu feed de amigos. Os usuários ganham uma possibilidade de conhecer novos produtos, baseados em seus interesses principais", disse Adriano, diretor da Mutato.

Para ele, porém, a novidade aumenta a responsabilidade do Instagram. "Do lado deles, ganha importância o cuidado em aprimorar ainda mais seu algoritmo, para entregar às pessoas certas diferentes conteúdos, que sejam relevantes e que proporcionem engajamento."