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Centrão cobra R$ 3 bi de emendas da Previdência e esvazia pauta da Câmara

10.jul.2019 - Mesa diretora da Câmara durante votação da reforma da Previdência em primeiro turno - Luís Macedo/Agência Câmara
10.jul.2019 - Mesa diretora da Câmara durante votação da reforma da Previdência em primeiro turno Imagem: Luís Macedo/Agência Câmara

Guilherme Mazieiro

Do UOL, em Brasília

21/08/2019 18h22

Parlamentares do centrão aumentaram as cobranças ao governo Jair Bolsonaro (PSL) para o pagamento de R$ 3 bilhões em emendas negociadas para aprovação da reforma da Previdência. A PEC (Proposta de Emenda à Constituição) foi aprovada há 15 dias, mas os congressistas reclamam que o governo não cumpriu o combinado. Por isso, a pauta está esvaziada.

Líderes do centrão --grupo informal de partidos como DEM, PP, PL, Solidariedade e PRB-- se reuniram ontem à noite com Rodrigo Maia (DEM-RJ), na Residência Oficial da Câmara, com representantes do governo. Hoje à tarde fizeram outro encontro para tentar negociar com o governo.

A informação foi confirmada ao UOL por líderes de quatro partidos e membros do governo.

A negociação do governo Bolsonaro repetiu as práticas do chamado "tomá lá, dá cá", atacadas pelo presidente. Um dia antes da aprovação da Previdência, dia 6, enviou ao Congresso a proposta para liberar R$ 3 bilhões em emendas. O valor era o combinado para viabilizar a aprovação da PEC.

Os deputados reclamam que o governo não deixou claro de onde sairá o recurso para pagar as promessas. E não confiam que haverá o pagamento. As lideranças e o governo ainda discutem possibilidades de acertar os valores, mas é provável que a pauta só seja retomada semana que vem.

Pautas do governo, como a proposta para ampliar as possibilidades de posse de armas, estão em banho-maria. A sessão de hoje na Câmara deve votar um projeto que amplia o perímetro de uso de armas dentro de propriedade rural, projeto originário do Senado.

Sem Garantias de pagamento

A expectativa era votar o PLN 18 hoje, em sessão do Congresso, para liberar as verbas. Mas com a insegurança sobre a palavra do governo, a sessão do Congresso caiu por falta de quórum e será feita na próxima terça-feira (27).

Nem o relator da proposta que libera o governo para fazer os pagamentos foi escolhido. Um dos nomes cotados para relatar a medida é o senador Eduardo Gomes (MDB-TO).

A sessão de hoje votaria também a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), que estabelece parâmetros para o Orçamento do ano que vem. O ideal, pelo regimento, seria que o texto fosse aprovado antes de julho.

Atos do governo publicados hoje no Diário Oficial da União efetivaram a troca da articulação do governo. As negociações com o Parlamento saíram da mão de Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e estão a cargo de Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).

No entanto, a paciência dos parlamentares durou pouco.

"O Ramos passou mais confiança para o Congresso, mas não tem tinta na caneta. Ele até promete verbas, mas o governo não libera", disse uma liderança.

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